A pretexto do Dia Mundial da Asma, 7 de maio, vale a pena relembrar alguns dados e conceitos importantes acerca desta doença. É uma doença respiratória que afeta cerca de 300 milhões de pessoas no Mundo. Atinge pessoas de todas as faixas etárias sendo uma causa frequente e potencialmente séria de doença crónica.
Por Cláudia Ferrão *
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Como qualquer doença crónica, pode causar limitação de atividade profissional e física dos atingidos, apresentando períodos de agudização que às vezes requerem avaliação médica urgente e podem ser fatais. Constitui por isso uma importante causa de morte, incluindo em jovens, sendo que 96% dos casos ocorrem em países pobres/em desenvolvimento.
Em termos de sintomas, os doentes queixam-se de chiadeira, falta de ar, dor no peito e/ou tosse. Estes sintomas são consequência das alterações que ocorrem na via aérea onde existe uma inflamação crónica responsável pelo espessamento da parede dos brônquios com “aperto” dos mesmos e aumento da produção de muco. Estes sintomas podem variar em intensidade e frequência ao longo da vida, apresentando períodos de agravamento (exacerbações).
A boa notícia nesta doença é que a doença pode ser devidamente controlada e tratada. O tratamento base assenta nos corticoides inalados que diminuem a gravidade e frequência dos sintomas e das exacerbações.
São objetivos de um bom controlo da asma:
– não ter sintomas de dia ou de noite;
– não necessitar de medicação em SOS;
– ter uma vida produtiva e fisicamente ativa;
– evitar agudizações sérias;
– ter testes respiratórios normais.
Para se atingirem estes objetivos devemos:
– Evitar causas de exacerbação/agravamento dos sintomas. São causas de exacerbação as viroses (é importante aderir às vacinas do COVID e Influenza); os alergénios (pó, pólen, fungos); tabaco (evitar exposição passiva ou ativa); stress. Alguns medicamentos desencadeiam crises de asma, como é o caso da aspirina ou dos anti-inflamatórios não esteroides que devem por isso ser evitados;
– O exercício físico deve ser encorajado, embora possa agravar sintomas caso não haja um bom controlo prévio da asma. Existem estratégias médicas definidas para estes doentes que podem, por exemplo, usar o seu inalador antes de iniciar a atividade desportiva;
– Identificar doenças que podem estar associadas à asma: a rinite, rinosinusite crónica, doença do refluxo gastro-esofágica, obesidade, apneia do sono, depressão e ansiedade são as doenças mais frequentemente associadas a esta doença e que devem ser tratadas.
No dia a a dia, em casa, devemos:
– evitar alcatifas e cortinas que acumulam pó;
– os tapetes devem ser frequentemente lavados;
– evitar humidade nas casas pela acumulação de fungos;
– evitar a presença de pelos de animais dentro de casa;
– não fumar dentro de casa;
– usar aspiradores com filtro HEPA para aspiração de pó;
– evitar ter a casa muito frio, uma vez que o frio pode provocar hiperreatividade das vias aérea.
Por fim, mas não menos importante, todos os doentes devem ter um plano de ação combinado com o seu médico assistente. Nele, deve constar a medicação diária, a medicação a fazer em caso de agravamento e em que situações deverão recorrer ao serviço de urgência.
A mensagem final que quero passar é que embora seja uma doença que assusta é possível controlá-la e ter uma vida perfeitamente normal devendo para isso ser adotados estilos de vida saudáveis. As medidas que foram descritas anteriormente podem ajudar a atingir os objetivos de um bom controlo da asma, reduzindo por isso a morbilidade e a mortalidade associada à doença.
* Núcleo de Estudos de Doenças Respiratórias da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna.
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