Asma: a importância de diagnosticar e tratar corretamente

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Saúde (asma).

O Dia Mundial da Asma é comemorado todos os anos na primeira terça-feira de maio. Possivelmente, alguns se questionam sobre qual é a necessidade de se celebrar este dia, visto que, de todas as doenças respiratórias, a asma é muitas vezes menosprezada, sendo considerada uma patologia de menor gravidade e que apenas afeta as crianças e os adolescentes.

Por Isabel Neves *

No entanto, a realidade não poderia estar mais distante destes preconceitos: a asma é uma doença respiratória crónica que, em Portugal, afeta cerca de 700 mil pessoas de todas as idades e, quando não tratada adequadamente, reduz a qualidade de vida dos doentes e pode ter complicações graves. Assim, é fundamental este dia ser celebrado, como forma de sensibilizar a população geral e os profissionais de saúde sobre a importância de diagnosticar e tratar corretamente esta patologia.

A asma caracteriza-se por inflamação crónica das vias aéreas, provocando sintomas como tosse, pieira, falta de ar e sensação de opressão torácica. O diagnóstico pode ser difícil, dado que os sintomas variam de pessoa para pessoa (e na mesma pessoa, ao longo do tempo) e podem ser semelhantes aos de outras doenças respiratórias. Embora o diagnóstico seja principalmente clínico, existem vários exames que podem ser realizados para ajudar a confirmar o diagnóstico, tais como provas funcionais respiratórias, testes de alergias e algumas análises de sangue. Assim, é importante que as pessoas que têm estes sintomas procurem observação médica para que o diagnóstico possa ser estabelecido.

Depois de confirmado o diagnóstico de asma, o tratamento tem como objetivo, não só controlar os sintomas, mas também diminuir o risco de agudizações e outras complicações. O tratamento baseia-se maioritariamente em terapêutica inalatória (corticoides e broncodilatadores inalados), embora também existam medicamentos de administração oral, subcutânea ou endovenosa, usados principalmente para o tratamento de casos mais graves.

Apesar de todos os tratamentos atualmente disponíveis, estima-se que quase metade dos doentes não têm a asma controlada. Esta ausência de controlo pode dever-se a múltiplos fatores, entre estes incluem-se: a gravidade da própria doença, o incumprimento da terapêutica, a má técnica inalatória, e a exposição mantida a alergénios, fumo de tabaco ou poluição. Para além destes fatores, vale a pena também salientar o facto que a maioria dos doentes com asma não controlada considera que tem a doença controlada, desvalorizando os seus sintomas, não os reportando ao seu médico. Assim, é importante relembrar que apenas se considera que a asma está controlada quando se alcança todos os seguintes:

– Sintomas diurnos em menos de 2 dias por semana;
– Ausência de sintomas noturnos que interfiram com o sono;
– Ausência de limitação nas atividades (trabalho, escola, tarefas domésticas, exercício físico, atividades lúdicas);
. Uso de medicação de alívio (em SOS) menos de 2 vezes por semana.

Se algum destes objetivos não estiver a ser atingido, é preciso investigar o motivo, visto que quando a asma não se encontra bem controlada, aumenta o risco de crises graves e do desenvolvimento de danos permanentes nos pulmões, levando a uma diminuição progressiva da função pulmonar.

Portanto, celebremos o Dia Mundial da Asma para que, no futuro, esta deixe de ser uma doença subdiagnosticada e subtratada. A asma não tem cura, mas pode, e deve, ser controlada!

* Núcleo de Estudos de Doenças Respiratórias da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI).

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