Se há culpados neste desastre ambiental denominado de aquecimento global, esses culpados são as grandes multinacionais.
Por Eduardo Couto *
A falta de percepção do mundo real acrescida de escassa vontade política no que toca à reversão do aquecimento global são os ingredientes perfeitos para a defesa da tese de que a culpa das alterações climáticas são do pequeno cidadão que aos sábados de manhã não está na praia a apanhar palhinhas.
Há quem acredite que podemos mudar o mundo ao celebrar o dia mundial do ambiente com uma publicação nas redes sociais a apelar à plantação de uma árvore. Porém, há quem tenha uma perspetiva realista baseada no desenvolvimento sustentável.
Felizmente, em Portugal a mobilização em torno do clima já atingiu números nunca antes alcançados no que toca à sensibilização ambiental. No entanto, não basta sensibilizar, urge arregaçar as mangas e exigir que sejam tomadas medidas concretas e eficazes.
Se há culpados neste desastre ambiental denominado de aquecimento global, esses culpados são as grandes multinacionais. A razão pela qual mais de 70% do carbono a nível mundial provém de apenas 100 empresas é simples: lucro.
Os empresários a troco de uma maior margem de lucro são capazes de emitir constantemente gases altamente tóxicos para o ambiente e poluir ao máximo as linhas de água próximas das suas empresas. Cada vez mais é necessário punir fortemente quem polui, para que não seja vantajoso ou lucrativo para estes criminosos continuarem a matar o nosso planeta aos poucos.
Outra fonte de poluição altamente nociva para a fauna e flora do nosso planeta é a poluição automóvel. Para alcançarmos um futuro sustentável há medidas que precisam de ser implementadas para a melhoria do sistema de transportes públicos numa perspetiva global. Porém, por falta de vontade política há muito pouco investimento nas autarquias e no estado central em transportes públicos, os decisores políticos neoliberais preferem dar benefícios fiscais ao patronato que pinta o nosso planeta com poluição ao invés de investir onde é necessário.
É preciso verba para a ferrovia, transportes públicos e rede viária. Mais políticas de incentivo ao transporte coletivo como os passes sociais são necessárias, só assim o número de veículos individuais irá diminuir e consecutivamente a poluição atmosférica e sonora irão ser altamente reduzidas.
Necessário é também reverter a tão conhecida obra de Assunção Cristas e do governo PSD, CDS-PP. A liberalização do eucalipto é altamente nefasta nas mais variadas formas, seja pela questão dos incêndios, pelo quase desaparecimento de todas as espécies autóctones em redor dos eucaliptos ou pela extinção da maioria das comunidades animais ali instaladas antes da plantação.
Queremos um planeta verde, com uma perspetiva de futuro baseada na ecologia, transportes públicos, um modelo de produção diferente, sustentabilidade ambiental e sensibilização. Não é com gestos simbólicos que o planeta que queremos, é com medidas concretas.
Nem um grau a mais, nem uma espécie a menos.
* Ativista estudantil, Santa Maria da Feira – [email protected]