Um empregado de mesa atualmente desempregado remeteu-se ao silêncio no julgamento em que responde por crime de violência doméstica na forma agravada.
A vítima, ex-companheira, de 29 anos, foi ouvida pelo tribunal na ausência do arguido que está acusado de agressões físicas e verbais.
O casal manteve uma relação durante dois anos, residindo, à data dos factos, na Gafanha do Carmo, em Ílhavo.
A queixa foi apresentada depois da mulher ter sido assistida na médica de família.
No derradeiro episódio violento (novembro de 2016), que ditou a separação e encaminhamento da vitima para uma ‘casa abrigo’, o homem, agindo em estado de embriaguez, arrancou à dentada parte da cartilagem de uma orelha durante agressões a murro e pontapés a que sujeitou a companheira.
Apesar dos vizinhos terem chamado os bombeiros e a GNR, a vítima, alegadamente ameaçada de morte pelo arguido, recusou assistência.
“Estava a preparava o jantar. Cheguei a casa mais tarde do trabalho. Ele chegou a casa alterado. Começou aos empurrões e insultos. A chamar tudo e mais alguma coisa. Acusava-me de andar com outros homens. Tentou atirar-e pelas escadas. Agrediu-me à cabeçada e arrancou a orelha. Disse que matava-me se contasse a alguém”, relatou a empregada fabril, contando ainda que o companheiro “era muito conflituoso”, porque além de beber também consumia drogas.
“Batia-me quase todos os dias”, afirmou ao tribunal, dando conta também de queimaduras com cigarros e cortes. “Tenho o corpo cheio de marcas e cicatrizes, tive de fugir de casa”, disse.