Argus: Uma luz no fundo do mar

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Estudo para preservação do Argus (Foto CM de Ílhavo).

O importante é o objetivo cumprido e pelos vistos talvez tenha sido mesmo alcançado. Salvar o ARGUS. Só vamos acreditar mesmo na conclusão do projeto, pois assinaturas destas é o que há mais e sabemos bem que muitas não têm qualquer consequência prática.

Por Grupo SOS ARGUS no Facebook *

O auge que tanto desejávamos aquando da criação deste Grupo de amantes da causa “ARGUS”.

Quando menos se esperava, eis que houve uma luz no fundo do mar e lá apareceu um projeto para este icónico navio. A solução encontrada, foi uma das mais consensuais aqui discutidas ao longo de tanto tempo. Fazer dele, um museu flutuante, mas sem flutuar (!), mantendo uma história épica bem viva e preservando um dos maiores feitos do povo português, a descoberta dos mares da Terra Nova e da Gronelândia.

Embora tenham alcançado esse feito há mais de seis séculos atrás, o ARGUS é neste momento o último exemplar, dos mais destacados veleiros que participaram nessa grande aventura da pesca do bacalhau, já em pleno século XX. E talvez o maior responsável por tal importância dada ao navio, foi sem dúvida o comandante Alan Villiers. O Estado Novo, numa manobra de plena propaganda do regime, convidou este ilustre oficial da marinha australiana e também repórter da National Geographic, para uma campanha a bordo do ARGU.

Embarcou em Lisboa no princípio de 1950 para uma viagem de cinco meses e documentar todo o processo da campanha. O resultado foi um livro e um documentário com o mesmo nome “A Campanha do ARGUS”. Traduzido em várias línguas, foi a perpetuação do navio até aos dias de hoje tornando-se um clássico da literatura marítima mundial.

“Em 1929 Alan Villiers, estava a bordo do Grace Harwar. Um dos oficiais tinha enlouquecido, outros tripulantes tinham morrido, os restantes tinham escorbuto e estavam ainda a mil milhas do destino. No entanto, quando avistaram um bacalhoeiro português um dos marinheiros terá dito: «as coisas estão mal pela Europa toda, hoje em dia, mas vocês nunca se metam num barco com eles. Aqueles portugueses usam dóris de um homem só. Afastem-se deles!»

Mas isso foi coisa que Villers não fez. Em 1950 meteu-se a bordo do Argus e seguiu para os bancos da Terra Nova com a tripulação. O seu relato, que faz recordar os textos mais aliciantes do National Geographic, do qual foi um dos colaboradores mais conhecidos, faz justiça ao aviso.

A loucura/bravura dos pescadores portugueses, aqui descrita de forma tão clara que mesmo os mais leigos na matéria se sentem imediatamente por dentro do assunto, torna-se tão evidente que não espanta que a obra tenha sido bem tratada pelo regime do Estado Novo como peça de propaganda.”

Regressando ao século XXI, apesar de todos os esforços que os administradores deste Grupo fizeram, no sentido de demonstrar a nossa abertura e vontade de ajudar a salvar o ARGUS num gesto de pura cidadania ativa, tal missão nunca teve qualquer feedback por parte da empresa proprietária. Se a assinatura deste protocolo já nos causou espanto, mais estupefação nos causaria se este grupo de milhares de pessoas, tivesse tido uma presença ainda que residual neste processo.

Afinal fala-se tanto nos problemas financeiros e há aqui tanta gente a querer contribuir simbolicamente com algo, para ajudar, mas nem foram nem ouvidos nem achados. Isto revela bem as mentalidades dos nossos políticos e as suas mentes mesquinhas, achando que “alguém” lhes poderá “roubar” o estrelato do seu reino! Afinal onde está a união de esforços, a sensibilização da sociedade para uma cidadania ativa, quando são os próprios autarcas a colocar esses movimentos fora de processo?! Dos Estados Unidos à Austrália, Holanda, Inglaterra, … temos aqui milhares de pessoas que se quiseram associar a este movimento, incluindo os próprios familiares do construtor do ARGUS, netos do arquiteto e do mestre naval. Eles que tanto lutaram para não deixar o ARGUS cair na desgraça.

Mas o importante é o objetivo cumprido e pelos vistos talvez tenha sido mesmo alcançado. Salvar o ARGUS. Só vamos acreditar mesmo na conclusão do projeto, pois assinaturas destas é o que há mais e sabemos bem que muitas não têm qualquer consequência prática.

Afinal de contas, mesmo sem grande alarido, mais de seis mil pessoas incomodam muita gente ainda que discretas e com a ajuda de ano de eleições, nem foi preciso nenhuma contribuição dos nossos queridos membros, para salvar a causa.

Quanto ao projeto em si, só desejamos que se torne realidade e aplaudimos o momento alcançado hoje. Todos aqui estaremos novamente a marcar presença e ajudar no que for preciso se formos chamados. Haja mentalidades e políticos com uma visão mais abrangente e consensual se precisarem de ajuda!!!

* A administração do grupo acessível em https://www.facebook.com/groups/2533909086847531. Texto escrito na sequência de acordo celebrado entre a Câmara de Ílhavo e a empresa Pascoal & Filhos para a salvaguarda do antigo lugre bacalhoeiro Argus.

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