Aradas, uma no cravo outra na ferradura

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Junta de Freguesia de Aradas, Aveiro.
Natalim3

Comemorar Abril sob a capa do associativismo, travestindo de vermelho com indumentárias de cravos na lapela, assinando protocolos de apoios monetários subvertendo os valores da liberdade para segundo plano com o intuito de retirar dividendos políticos é uma afronta.

Por Anabela de Almeida Saraiva *

Convém clarificar que não estão em causa as associações que têm um papel importante e ativo mas sim a própria instituição.
Quando se proclama aos sete ventos o espírito democrático convém formalizar os atos institucionais e convidar os membros da Assembleia de Freguesia para as cerimónias, cabe a estes agir em conformidade, é um dever, uma obrigação.

A conveniência das restrições Covid-19, pois claro…
Convém recordar que os reforços em apoios para as associações propostos pelo PS foram recusados há poucos meses atrás, qualificados como sem sentido.

Nesta terra em que os últimos são os primeiros, o mandato deste Executivo foi caracterizado pela falta de respeito e decência democrática, abraçando a autocracia e a mentira, factos são factos e contra factos…

E agora comemora-se o 25 de Abril encapotado, disfarçado, amordaçado em quatro paredes, antecipando o dia nacional do associativismo?

Qual a razão de não ouvir em plena praça uma canção de Abril por uma das nossas associações, respeitando as regras em vigor?

Qual a razão de querer continuar a desprezar os fregueses que se revêm na oposição através dos seus representantes?

É este o vosso espírito de Abril?

A arte de opinar e exigir dos outros aquilo que não se pratica é o expoente da hipocrisia, a fotocópia não se assemelha ao original, enquanto em Aveiro se comemorou Abril em ato solene na Assembleia Municipal, em Aradas os atos formais e institucionais andam à deriva, presume-se que não seja culpa do grande timoneiro mas sim da aprendiz que ainda não estudou a rosa dos ventos para aferir intuitivamente a intensidade e direção que pratica.

De onde vem para onde vai esse é o vento de Abril mas se o vento soprar de uma única direção, a árvore crescerá inclinada ou quiçá cortada pela raiz do pensamento…

Tal como a honestidade, a gratidão, o respeito, não se misturam com a indecência democrática, o espírito da liberdade não é um ingrediente emulsionado na amálgama de interesses políticos e pessoais, é genuíno, aglutinador e magnânimo.

Em Aradas faz-se a democracia à “minha” maneira…

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não
Excerto de Manuel Alegre, Praça da Canção 1965

* Vogal na Assembleia de Freguesia de Aradas pelo Partido Socialista.

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