A retoma que prevíamos para este verão está a afastar-se à medida que a situação vai piorando. E mesmo com o Plano Nacional de Vacinação a correr como o previsto, o cenário de incerteza continua no horizonte do País e do Mundo.
Por Mário Pereira Gonçalves *
Os efeitos nefastos da crise económica estão para durar, em particular nos setores que mais têm sido afetados neste quase ano e meio. E neste momento, não sabemos quando serão repostos os níveis de procura interna e externa que tinham posicionado Portugal como um destino turístico de eleição.
Não temos dúvidas de que a retoma vai chegar, mas é certo que as nossas atividades, que são das que mais sofrem com a crise pandémica, não deverão conseguir criar o balão de oxigénio na tradicional “época alta” deste ano de 2021.
Se os setores da restauração e similares e do alojamento turístico não tiverem apoios a fundo perdido, que cheguem às empresas de forma rápida e eficaz, não vão sobreviver ao próximo inverno. As reservas financeiras são inexistentes, o endividamento pesa no futuro e a procura é claramente insuficiente.
Também a este propósito, muito recentemente, Mário Centeno, Governador do Banco de Portugal, sublinhou a necessidade de identificar os setores em que a atividade económica ainda não recuperou face ao final de 2019 e que possam vir a necessitar de medidas transitórias de apoio adicional a partir do final de setembro. Considerou ainda que é importante identificar fatores críticos na definição da estratégia de retirada de medidas de apoio à economia, uma vez que a retirada prematura das medidas de apoio pode colocar em causa a recuperação da atividade económica.
E os setores do alojamento turístico e da restauração e similares foram especificamente mencionados por Mário Centeno neste contexto.
A retoma vai chegar e queremos empresas e trabalhadores prontos para responder à procura. Mas para isso, é urgente que haja, agora, uma vitamina financeira para as tesourarias das empresas, nomeadamente na disponibilização de linhas a fundo perdido, na proteção ao emprego, no apoio à contratação e qualificação de pessoas, na prorrogação de moratórias e em medidas de incentivo ao consumo massivas e diretas.
A bem das empresas, dos profissionais e da economia do País, é imperiosa a continuidade dos meios para dar resposta efetiva ao impacto negativo desta crise sanitária sem fim. Quando a retoma chegar queremos estar preparados para continuar a proporcionar a qualidade a que sempre habituámos quem procura o destino Portugal.
* Presidente da AHRESP – Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal. Editorial da revista ‘Manuel de Negócios.
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