O ´mar de gente´ esperado na Torreira deve-se muito às festas na praia, tidas como as mais longas do País.
As exigências prioritárias colocadas junto dos concessionários para acolher as centenas de milhar de pessoas esperadas dizem respeito a aspetos como a segurança, higiene e salubridade.
“Não queremos o São Paio manchado por fatos menos interessantes”, refere o líder da edilidade.
“A GNR dá uma extraordinária colaboração, em articulação com os bares. E estes têm uma atitude cada vez mais profissional, a cumprir os requisitos que precisam de cumprir para organizar as festas”, acrescenta Joaquim Batista.
O autarca recusa, assim, “o conceito do São Paio um bocadinho anarca e aleatório, onde as pessoas vão para a praia ouvir música e beber música de qualquer forma, eventualmente com excessos”.
“Não é o que queremos. Queremos que as pessoas se divirtam muito, mas seguras e com condições higieno sanitárias para no dia seguinte a praia poder ser novamente usada”, reforça.
Por isso, a Câmara tem procurado “equilíbrios”, tendo dado passos significativos no ano passado. “A nossa perspetiva é ter uma organização mais profissional, mais responsável em que as pessoas se sintam seguras e estejam bem”, explica.
À semelhança do ano passado, dois dos três concessionários agrupam-se num recinto comum, de acesso pago, como se fosse uma discoteca ao ar livre. O terceiro estará a funcionar com uma festa de entrada livre.
“Se me perguntar, eu gostaria de ter uma festa de praia. Não sendo possível, respeitamos. São estratégias comerciais. Não nos interessa se são entradas pagas ou não. Preocupa-nos é que os recintos estejam delimitados, os acessos sejam controlados e cumpridas condições de salubridade. Há mais gente na Torreira”, afirma Joaquim Batista [ouvir declarações em anexo nas galerias relacionadas].
Policiamento atento
A GNR estará atenta na fiscalização e policamento “de oportunistas” que sempre tentam exercer venda ambulante não autorizada.
Na estrada marginal do mar e na praça da Varina, não foram dadas autorizações para além dos balcões na frente de estabelecimentos. Será dada atenção igualmente às vendas e serviços de restauração na avenida Hintze Ribeiro, onde funciona a tradicional grande feira “ordenada e com licenças atribuídas, mas que obriga a gerir também eventual concorrência desleal”.
Já o campismo selvagem, uma tradição antiga, estará hoje “mais controlado”. O município tem procurado dar condições a quem pernoita durante as festas em pequenos acampamentos improvisados. “Não é dramático, sem grandes danos. Recomendamos uma área reabilitada por nós junto à escola EBI, com instalações sanitárias”, adianta o presidente.
O São Paio da Torreira, para além da festa religiosa muito vivida pelos habitantes locais e não só, incluiu outros motivos de interesse, com relevo para os espectáculos de fogo de artifício (na ria e no mar), as rusgas improvisadas, as corridas de bateiras ou a regata de moliceiros, entre outros
Regatas e corridas de embarcações tradicionais
As regatas e corridas de embarcações tradicionais entre as atrações da romaria destacadas pela Câmara da Murtosa.
Na frente ria, as embarcações de trabalho (corridas de bateiras à vela e de chinchorro) transformam-se em barcos de competição, que promete ser “renhida”.
Domingo, alguns dos últimos barcos moliceiros vão mostrar o seu esplendor na terceira e última regata da temporada.
Pela manhã, terá lugar o concurso de painéis, “que destaca a criatividade destas autênticas obras de arte flutuantes”.
“A presença do elemento água, na Ria e no Mar, possibilita um cenário único e espetacular para os icónicos fogos de artifício” (sábado no Mar e domingo na Ria), atraindo largas dezenas de milhares de pessoas.
Depois da passagem pela avenida principal preenchida de bancas de vendas, os romeiros partem para uma noite longa nos bares de praia, este ano com um figurino diferente, já que dois dos principais espaços condiconam as entradas a pagamento, mas prometem melhor ambiente.
“Rusgas” na noite rainha
Repete-se a tradição do concurso de rusgas, com grupos organizados a percorrerem a Avenida Hintze Ribeiro, “tocando e cantando modas tradicionais”.
Uma recriação dos tempos em que os romeiros chegavam à Torreira, transportando-se em moliceiros, mercanteis e bateiras usados também para pernoitar.
Os romeiros traziam consigo mantimentos e pequena bagagem. Os que tocavam instrumentos musicais animavam a festa, percorrendo o caminho entre o mar e a ria.