Ao Governo não basta fingir que não sabe de nada

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Imagem Revista AECA nº 14.
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Ao Governo não basta fingir que não sabe de nada, que não aprova os planos que as empresas vão implementando etc. É necessário ir ao terreno, falar com as empresas, com as associações empresariais, com os municípios, definir, por exemplo, uma política de quotas por região, política de habitação social capaz de alojar e de integrar estas pessoas que para cá vêm à procura de melhor vida.

Por Carlos Brandão *

O tema desta edição da revista * é sobre o atual momento da “Economia Circular, Sustentabilidade e Inovação” na nossa região e vem mostrar o que já se está a fazer e/ou a planear fazer, por parte de alguns associados, nesta área. Esta auscultação é, entre outras, resultante de todo o trabalho realizado com as empresas que têm participado no Projeto “Master Export” e nas diversas ações já realizadas até ao momento.

O objetivo é o de aumentar a competitividade, sobretudo no mercado mundial, das empresas através da modernização e inovação dos seus processos e produtos, serviços e modelos de negócio, tornando as mais eficientes no contexto da Economia Circular.

A Economia Circular é uma nova abordagem à produção e ao consumo que assenta num sistema restaurador e regenerativo, apostando na redução, reutilização, recuperação e reciclagem dos recursos, por forma a dissociar entre o crescimento económico e o aumento no consumo de recursos, relação até aqui vista como inexorável.

Esta mudança de paradigma irá contribuir para uma dinâmica mais equilibrada e criativa entre empresas, consumidores e recursos naturais, dissociando o crescimento económico do consumo de recursos não renováveis.

O mesmo pôde ser partilhado e assistido nas conferências já realizadas durante os últimos meses (projeto MasterExport) e que damos relevo também nesta edição desta nossa revista.

Para além da temática presente a atualidade segue com os constrangimentos “já habituais” de pandemia, com associados nossos ligados ao sector do comércio, da restauração e do turismo a sofrerem elevados prejuízos com poucas ajudas para os minorar.

Os nossos associados do sector da indústria continuam a queixarem-se (e com razão) da falta de pessoas para trabalhar mesmo em trabalhos de menor especialização (trabalho indiferenciado).

O problema subsiste e agrava-se a casa dia que passa e não se vislumbram soluções imediatas e/ou a curto prazo.

É um tema que deverá merecer um estudo aprofundado de todas as partes envolvidas: do Governo, das associações empresariais, dos municípios das demais entidades representativas do meio empresarial e social por forma a encontrar soluções que permitam minorar os danos que estão a ser causados por este problema.

É urgente o Governo discutir com todos os restantes parceiros por forma a serem criadas condições e regras por forma a recebermos condignamente emigrantes para colmatar a nossa força laboral. Para tal é necessário envolver todas as entidades por forma a encontrar soluções que permitam alojar e integrar todas essas pessoas. O mau exemplo do que está a acontecer no Alentejo e um pouco por todo o lado, de “armazenagem” destes seres humanos em condições precárias que acabar tal como tem que acabar o “assobiar para o lado” por parte do Governo que não enfrenta de frente o problema por motivos ideológicos ou por pressões absurdas dos seus parceiros de apoio parlamentar.

Ao Governo não basta fingir que não sabe de nada, que não aprova os planos que as empresas vão implementando etc. É necessário ir ao terreno, falar com as empresas, com as associações empresariais, com os municípios, definir, por exemplo, uma política de quotas por região, política de habitação social capaz de alojar e de integrar estas pessoas que para cá vêm à procura de melhor vida.

Portugal terá muito a ganhar com essa clarificação. Se assim não for o que será do futuro das nossas empresas? Para quê investir mais na industrialização se não existem recursos humanos para lá operarem?

A “bazuca” europeia

Uma nota final para a “bazuca” europeia e para o que quer que seja que esta signifique: Não podemos esbanjar recursos NOVAMENTE naquilo que não é TÃO essencial. O que necessitamos, por exemplo, para a industrialização é de investir em máquinas, tecnologia e em digitalização e NÃO APENAS, por exemplo, em consultoria, em formação para adultos e MUITO MENOS em criação de mais gabinetes “parasitas” designados de apoio à descarbonização ou outro nome que o valha e que têm como finalidade última não a preservação do ambiente mas a sua própria auto-sustentação à conta dos mesmos de sempre. Não necessitamos de mais gabinetes destes em Portugal! ….

Temos que ser claros e diretos e acabar com as más práticas que corroem cada vez mais a nossa democracia e o nosso País!

Nós, empresários, estamos cá e queremos contribuir com soluções. Haja quem nos ouça!

* Presidente da Direção da AECA – Associação Empresarial de Cambra e Arouca, CEO da Chatron, Lda. Editorial da Revista Encontros, edição número 14.

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