Antigo funcionário da Misericórdia da Mealhada sem memória de desfalque de 130 mil euros

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Santa Casa da Misericórdia da Mealhada (Foto Jornal da Mealhada).

Um antigo ‘cobrador’ da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, que está acusado de ter desviado mais de 130 mil euros da instituição, alegou, no início do julgamento, esta segunda-feira, no Tribunal de Aveiro, que sofreu uma “perda de memória” devido a problemas graves de saúde, não se recordando, por isso, dos factos em causa no processo e, consequentemente, escusou-se a falar das circunstâncias em que terá cometido os crimes de abuso de confiança imputados (2).

Cerca de 102 mil euros dizem respeito a verbas cobradas a feirantes por utilizarem o mercado da Póvoa da Mealhada, um terreno da instituição. verba restante do alegado desfalque terá sido subtraída a pensões de três utentes idosos “sem retaguarda”, nomeadamente familiar, a que tinha acesso, uma vez que estava encarregado do pagamentos de despesas pessoais.

“Não me recordo de nada do que está aí escrito”, afirmou o septuagenário, militar da GNR reformado, ao ser confrontado pela juíza presidente com a acusação do Ministério Público, que pede a condenação, para além dos crimes, na perda das vantagens dos mesmos.

O antigo colaborador da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada disse que ficou “afetado na memória” após sofrer um enfarte no verão de 2017, informando, ainda, o tribunal que está a tratar, atualmente, um cancro na garganta.

O arguido foi admitido na instituição em 1997 e dispensado em 2015 na sequência de uma denúncia anónima dando conta da prática de irregularidades, que viriam a ser confirmadas por um auditoria interna.

“Fui funcionário sim, mas não me recordo do que é dito. Não sei dizer mais, porque vim embora. Só tenho a informar que nasci pobre, vivi pobre e o hei-de morrer pobre. Queria esclarecer mais, mas não posso esclarecer. Peço imensa desculpa”, afirmou o arguido que, à data dos factos, era também colaborador da paróquia da Mealhada, exercendo as funções de sacristão.

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