Alterações climáticas e as políticas locais

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As alterações climáticas são a maior ameaça da espécie humana, sendo urgente o seu combate nos próximos tempos. Tem sido um dos temas mais falados nos últimos anos.

Por João Sarmento *

A preocupação pelo meio ambiente e pelo nosso planeta tem gerado várias discussões e planos para que a neutralidade carbónica se atinja, ou seja, passarmos de 51 milhões de emissões de CO2 para zero.

A discussão internacional tem conquistado passos importantes, como o Acordo de Paris e as metas propostas pela UE, a fim de esta se tornar neutra em carbono até 2050, porém, não é suficiente.

As metas a que os países se propõem são tardias e não temos esse tempo. A minha geração vê o seu futuro completamente hipotecado devido às alterações climáticas. Precisamos de ser mais ambiciosos, isso passará por alterarmos hábitos e certos comportamentos. Precisamos de reinventar o que comemos, como produzimos energia, como nos transportamos, e a forma como construímos as coisas. O esforço tem de ser global e individual. De todos, e de cada um!

Os governos têm um papel muito importante no que diz respeito a esta calamidade. O governo português já demonstrou várias vezes que está empenhado em realizar uma transição climática, desde logo, com o encerramento da central termoelétrica de Sines.

O maior obstáculo para sermos bem-sucedidos é apenas um, o tempo. Não podemos esperar! Não podemos esperar pelas cimeiras da ONU, pelos acordos internacionais, ou pelas políticas nacionais. Este obstáculo é ultrapassado com uma resposta firme e célere, junto dos cidadãos. É aqui que os órgãos autárquicos podem e devem entrar.

É nos municípios, e nas freguesias onde existe, de facto, uma relação mais estreita com as pessoas. Onde existe a capacidade para sensibilizar e para alterar certos comportamentos. Os municípios têm de estar na linha da frente no combate às alterações climáticas, fazendo uma aposta na mobilidade suave e coletiva, em espaços verdes, na proteção animal, na sensibilidade ambiental, etc., no fundo, ser e dar o exemplo.

A região de Aveiro poderá ser das mais afetadas pelo aumento do nível médio das águas do mar. A urgência nas políticas municipais e intermunicipais são determinantes para a existência de um plano de prevenção.

Perante esta convicção, foi em choque quando ouvi, na semana passada, o edil aveirense, no seguimento de uma reunião de câmara, dizer que os transportes públicos levaram um abalo de confiança, e que o futuro passará por uma mera transição de veículos a combustão para carros elétricos. Esta não é uma visão sustentável do futuro! Os transportes representam o terceiro lugar como responsáveis pelas emissões de CO2. Relembro que, em quatro anos, não foi criado nenhum espaço verde no município. Aveiro precisa, urgentemente, de uma mudança de visão!

Não podemos ter no país um município que é uma capital verde europeia, e outros municípios que consideram as alterações climáticas como uma quimera.

Precisamos de ser mais exigentes com os nossos autarcas, visto que eles serão decisivos na aplicação de políticas verdes e sustentáveis. Mas, precisamos, também, de sermos mais exigentes connosco. Planeta terra há só um, e ele está nas nossas mãos!

* Membro da Juventude Socialista da concelhia de Aveiro.

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