Inaugurada que está, finalmente, a empreitada de alteração viária da rotunda da Barra, oito meses após terminado o prazo de conclusão, cumpre ao Partido Socialista de Ílhavo manifestar o balanço que já é possível ponderar sobre os efeitos, de diversas dimensões, provocados por aquela iniciativa da maioria PSD no Município de Ílhavo.
A empreitada de dois milhões de euros, a iniciativa que mais esforço orçamental exigiu aos Munícipes desde há várias décadas, excetuando aquelas que foram financiadas por fundos comunitários, é um exemplar perfeito do que não deve ser feito por uma autarquia local na prossecução das suas competências de gestão financeira e de melhoria das condições de mobilidade no território.
A maioria PSD nunca quis promover uma discussão pública sobre a iniciativa. Tratando-se de um local de elevada sensibilidade ambiental e paisagística cuja intervenção se apresenta como tecnicamente complexa e que motiva diversos pontos de vista entre a comunidade, o PS/Ílhavo defendeu que alterações àquele espaço mereciam amplo debate público. Como sempre, o PSD fugiu do confronto de ideias.
A empreitada, que avançou antes do tempo sem o obrigatório visto do Tribunal de Contas em pleno período de campanha eleitoral autárquica em 2017, cedo mostrou a incapacidade da maioria PSD na gestão das suas responsabilidades de condução do normal funcionamento da obra. Não raras vezes estorvou as atividades económicas nas praias do concelho, as condições de segurança rodoviária e o conforto dos residentes, evidenciando que a Câmara não tinha ponderado qualquer plano de contingência para mitigar os efeitos da empreitada no quotidiano das populações, dos comerciantes e dos turistas que visitam o Município.
O atraso evidente na execução do plano de obra definido no caderno de encargos aceite pelo empreiteiro, mesmo tendo a maioria PSD decidido emprestar 250 mil euros àquela empresa, não evitou que a obra tivesse que ser suspensa durante a época balnear de 2018, sob pena de os transtornos causados serem ainda mais nefastos para o concelho.
Oito meses volvidos sobre o prazo de conclusão da empreitada, inaugurada que está, facilmente se conclui que a valia paisagística daquele espaço foi liminarmente destruída, que o excesso de automóveis que entram e circulam nas nossas praias não será mitigado e que a solução rodoviária não dá resposta cabal ao acesso e saída das praias, sem que sequer tenha sido dedicada uma via a veículos de emergência. Qualquer afirmação categórica que prognostique o inquestionável sucesso da alteração viária, a exemplo do que tem afirmado o Presidente da Câmara, não passa de pura propaganda.
Conversados que estamos sobre a incompetência da maioria PSD na gestão da empreitada, vem sendo provado que com a solução imposta sem participação de muitos que poderiam valorizá-la, o Município perdeu, com esta alteração estritamente viária, sem qualquer valorização do espaço urbano, a oportunidade de investir na melhoria das condições de mobilidade nas nossas praias, com prioridade à diminuição da quantidade de automóveis que ali circulam; à promoção de formas alternativas de deslocação, ambientalmente sustentáveis e até passíveis de interesse económico e turístico, como vemos replicado em diversas áreas balneares do país.
Lamentavelmente, tão cedo não se prevê que tamanho investimento seja realizado nas praias na resolução dos problemas verdadeiramente prementes que se colocam àquele território. Os munícipes de Ílhavo, e particularmente os residentes da Barra e Costa Nova, têm, por isso, dois milhões de motivos para lamentarem a teimosia e falta de visão do PSD.
PS de Ílhavo