Águeda: Almas Santas da Areosa, o “ex-libris” religioso e turístico de Aguada de Cima, antiga sede concelho

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Romaria Almas da Areosa, Aguada de Cima, concelho de Águeda.
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O itinerário de hoje leva-nos até à vila aguedense de Aguada de Cima, povoação com origem remota, sendo já habitada no período da ocupação romana.

Por Cardoso Ferreira *

Em 1514, o rei D. Manuel I concedeu-lhe Foral. Até 1834 foi sede de concelho, tendo sido posteriormente incorporada no município de Águeda.

O parque urbano (“Parque da Vila – Miragaia”) localizado próximo da Igreja Matriz (Santa Eulália), sulcado por estreitos cursos de água ladeados por amplas zonas verdes, com vários locais de estacionamento automóvel e esplanadas na sua envolvência, é o local de partida para esta caminhada que tem por destino a capela do Santuário das Almas Santas da Areosa, situada a cerca de um quilómetro de distância.

A Igreja Matriz está de “costas voltadas” para a rua principal da vila, uma vez que a entrada principal está virada para o adro localizado do lado oposto, com frente para os campos agrícolas. Este adro também dá acesso a estruturas de cariz social.

O templo, em estilo maneirista, foi reconstruído por volta de 1711, conforme data gravada e que deverá corresponder ao ano médio da reconstrução. Possui algumas esculturas centenárias e de mérito. A planta longitudinal é composta por três naves, uma capela-mor mais baixa e mais estreita, com uma sacristia e uma torre sineira adossadas. Na fachada posterior (virada para o centro da vila) há um grande painel de azulejos, representando Santo André, executado na Fábrica do Outeiro, em Águeda, pelo artista aveirense Francisco Pereira.

A calçada tradicional portuguesa em redor da igreja apresenta uma grande variedade de desenhos, os quais se estendem também pelo adro da vizinha escola primária, um edifício de dois pisos, que ostenta no alto da fachada um grande painel de azulejos, feito na Fábrica do Outeiro. Em frente deste imóvel encontra-se um artístico chafariz.

Ao lado da escola fica a sede da Junta de Freguesia, espaço que acolhe diversas instituições locais, de âmbito social e cultural.

Do lado oposto da rua erguem-se alguns centenários edifícios habitacionais, que atestam a antiguidade da povoação.

Pela Rua da Azenha

No passeio fronteiro ao edifício escolar viramos à direita, ladeamos as traseiras da Igreja Matriz, e seguimos pela Rua da Azenha.

Poucos metros volvidos, paramos para admirar a imponente decoração de uma casa que nos surge à direita, de tons rosados e com fachadas estilo “Arte Nova” dotadas de artísticas cantarias e painéis de azulejos com temática floral.

Algumas dezenas de metros mais adiante, e também do lado direito, deparamos com uma pequena construção, com dois painéis de azulejos na fachada. O de menor dimensão informa que o edifício foi doado à junta de freguesia pelo benemérito Alexandrino A. Martins, em 1952. Com o maior, ficamos a saber que o espaço pertence ao Aquacantante – Grupo de Cantares Tradicionais Populares.

Alguns troços da estrada que percorremos são estreitos e ladeados por antigas casas agrícolas, algumas delas construídas em adobe tradicional. Num desses troços estreitos fazemos nova paragem para admirar a decoração de uma casa antiga, de dois pisos, que encontramos do lado direito, quase em cima da via. Também aqui o que mais desperta a nossa atenção são os painéis de azulejos, em estilo “Arte Nova” que decoram a fachada principal, da autoria do artista aveirense António Augusto, e executados na extinta Empresa Olarias Aveirenses.

Continuando o percurso, contornamos, pela direita, o “Cruzeiro da Paz” levantado numa pequena rotunda.

Almas Santas da Areosa e a sua romaria anual

A partir daqui a estrada torna-se mais larga e os edifícios que a ladeiam são de construção mais recente, havendo também mais terrenos agrícolas.

Percorridas algumas centenas de metros, a estrada inicia uma longa descida, ladeada por parqueamentos de automóveis, até a uma rotunda que tem um grande painel de azulejos no centro.

As várias “roulottes” de vendas de “comes-e-bebes” indica-nos que estamos a chegar à capela das Almas Santas da Areosa, o verdadeiro “ex-libris” religioso e turístico dessa zona bairradina e um dos símbolos do concelho de Águeda. Do lado esquerdo, no cimo de uma pequena colina ergue-se, altivo, o templo, antecedido por um coreto duplo, em pedra.

‘Romaria às Almas Santas’ 2022 – o “Erguer do Arco” (assistir a vídeo)

Subimos uma das escadarias que dá acesso ao adro e à capela, com planta octogonal, acrescida de capela-mor rectangular. O templo é de estilo barroco e rococó, com o retábulo principal e os dois laterais originários da segunda metade de século XVIII.

Junto às traseiras do adro da capela, em área elevada, está o moderno edifício do Centro Cultural da LAAC – Liga dos Amigos de Aguada de Cima.

Num dos restaurantes existentes no espaço envolvente do Santuário das Almas Santas da Areosa poderá ter sido confecionado pela primeira vez o célebre “leitão assado da Bairrada”, conforme referem alguns estudiosos da gastronomia bairradina.

Depois da visita a este local de famosas romarias, regressamos ao local de partida.

* https://www.facebook.com/manuel.cardosoferreira.5

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