Ainda não é o regresso pleno à normalidade, depois de “uma noite de meter medo” mas o panorama, no centro de Águeda, estava muito desanuviado ao nascer do dia, como constatavam muitos residentes e donos de estabelecimentos que percorriam a zona, obrigatoriamente de galochas para passar zonas ainda com água.
A cheia que atingiu a baixa da cidade deixou marcas, com um rasto de destroços arrastados pela corrente do rio que subiu a um nível como já não se via desde 2001. De manhã, foi baixando e regressou ao leito.
Comerciantes e donos de estabelecimentos de restauração que ocupam os pisos térreos das ruas mais afectadas tiveram de esperar pelo lento escoar das águas pluviais para espreitarem os danos, em grande medida acautelados, e iniciarem os inevitáveis trabalhos de limpeza de lamas a que se juntou, nas vias públicas, um contingente reforçado de funcionários municipais.
A explorar uma livraria há mais de duas décadas na rua Vasco da Gama, das mais rapidamente inundáveis na baixa, António Abrantes passou a noite anterior a “carregar” tudo o que podia para o primeiro andar.
“Não estava, honestamente, a contar com uma cheia. Vinham umas enxurradas por aí, mas não previa que viesse com esta força”, contou o comerciante que ficou com água à porta “acima do meio metro”.
Uma moradora próxima, que está em Águeda há dois anos, passou “uma noite um bocadinho agitada” ao assistir à cheia pela primeira vez. “Tivemos água até ao terceiro degrau da escada, mas é só limpar. Há quem esteja pior, o restaurante nosso vizinho fez obras há pouco e agora sofre estragos”, referiu.
A autarquia não tem registo de danos pessoais. Foi necessário, apenas, realojar um casal que habitava uma casa na cidade em risco.
Ao acordar do dia, os campos ribeirinhos de Águeda continuavam inundados. Mantinham-se cortadas diversas estradas municipais e outros acessos mais importantes, como a EN 16 no Carvoeiro e ligação de Águeda a Aveiro pela EN 230, na ponte da ‘Rata’.
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