“É preciso convencer os habitantes a não fugirem das freguesias, a manterem-se nos ficheiros das unidades de saúde. Se os esvaziarmos, deixa de haver necessidade de médicos onde eles efetivamente são precisos”. O apelo foi deixado pelo presidente da Junta de Freguesia de Macinhata do Vouga, Pedro Marques ao intervir na última Assembleia Municipal de Águeda.
Autarcas de freguesia do concelho estiveram recentemente reunidos com o diretor executivo do Agrupamento dos Centros de Saúde (ACeS) do Baixo Vouga, Pedro Almeida, a analisar os problemas causados pela falta de médicos na prestação de cuidados de saúde de proximidade e não regressam a Águeda confiantes em melhores dias, pelo contrário. “A inquietude mantém-se e talvez até aumentou”, assumiu o presidente da Junta de Macinhata, alertando que a redução de utentes inscritos pode “deixar fugir” médicos para concelhos vizinhos, também carenciados.
O concelho deveria ser contemplado com cinco médicos, mas apenas está confirmado a abertura de concurso para um. O que não deixa antever que vão persistir dificuldades em garantir a cobertura desejável.
A Unidade de Cuidados de Saúde Partilhados Águeda I tem nesta altura três mil utentes sem médico de família atribuído. E o médico a colocar em Valongo do Vouga por mobilidade, possivelmente em setembro, é considerado “manifestamente pouco”.
Segundo o presidente da Junta de Macinhata, o diretor executivo alertou que o futuro dos cuidados de saúde primários “passará muito pela Câmara” no âmbito da elaboração do plano municipal de saúde.
“Temos de fazer ver que não estamos a criar instalações sem médicos, faça voz cada vez mais voz grossa”, pediu Pedro Marques dirigindo-se ao presidente da Câmara.
Falta de médicos com perspetivas de “piorar”
Na resposta, Jorge Almeida começou por lembrar que “o problema” da falta de médicos e enfermeiros atinge “todo o país”. O edil mostrou-se confiante em numa melhoria da resposta quanto aos últimos, uma vez que alguns emigrados poderão optar pelo regresso. Já médicos de família “não há” e as perspetivas “é para piorar”.
O autarca alertou que o processo de descentralização de competências “não prevê” a Câmara “colocar médicos ou enfermeiros”. Uma reunião em Águeda mantida com a ministra da Saúde criou esperanças de “uma atenção especial” mas dos cinco médicos que eram precisos abriu uma vaga e há médicos atuais em vias de se reformarem.
“Os concelhos vizinhos também precisam e estão sem vagas abertas. A nossa expetativa esfumou-se e a realidade do país é esta. Para a Câmara, a delegação de competência traz contas da luz e rendas de alguns edifícios e pouco mais que varrer, as competências são praticamente nulas”, lamentou Jorge Almeida.
Sobre a exigência de elaboração do Plano Municipal de Saúde, o presidente da Câmara vê na intenção governamental, “a exemplo das Cartas Educativas”, determinar as unidades que fecham, mas garantiu que, nesta altura, a prioridade continua a ser na recuperação de instalações (ver declarações abaixo).
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