Temos um novo Governo e novas expectativas sobre o seu desempenho para Portugal. As pastas são diversificadas, todas importantes e umas mais difíceis que outras, apesar de o grau de dificuldade estar muito dependente da importância que se lhe dá, onde a pasta da agricultura, sejamos sinceros, não tem sido das mais difíceis porque efetivamente não lhe tem sido dada a importância que o setor merece.
Por Paulo Gomes *
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Sobre o novo Ministro da agricultura, José Manuel Fernandes, recai agora a esperança de maior respeito pelos agricultores, com um ação centrada na capacidade de promover políticas que impulsionem o crescimento e a sustentabilidade do setor agrícola. Para além disso aguardamos pela sua habilidade em lidar com desafios emergentes, como mudanças climáticas, tecnologia agrícola e questões de segurança alimentar. Esperamos ainda que dê prioridade às medidas que melhorem a produtividade, incentivem a inovação e promovam práticas agrícolas sustentáveis.
A passagem pelo Parlamento Europeu como eurodeputado, trouxe com certeza a este novo governante um know-how importante em termos de Política Agrícola Comum (PAC). Acreditamos que este facto seja positivo para Portugal, e que continuemos a ser beneficiários dos fundos da PAC na linha da modernização e desenvolvimento da nossa agricultura, promovendo a sustentabilidade, a produtividade e a competitividade.
Não tenhamos dúvidas que é preciso atuar de imediato em determinados dossiers, mas também não podemos esquecer a necessidade de planear e preservar o futuro do setor de modo a conseguirmos tornar a agricultura mais apelativa aos jovens, envolvendo necessariamente várias abordagens, como educação, formação e conscientização.
Existem várias medidas e estratégias que o Ministério da Agricultura pode adotar, desde logo para rejuvenescer e garantir o futuro do setor, como sejam: Programas de capacitação e formação específicos para jovens, abordando modernas técnicas de cultura, gestão agrícola e empreendedorismo rural; reforçar os incentivos financeiros, como subsídios ou linhas de crédito com condições favoráveis, para instalação dos jovens agricultores; desenvolver campanhas de consciencialização e promoção destacando os benefícios e oportunidades profissionais; estabelecimento de redes de mentoria, que conectem jovens agricultores com profissionais experientes do setor para orientação e apoio; facilidade do acesso à terra, seja por meio de programas de arrendamento ou de políticas adaptadas que reservem áreas para jovens agricultores; promoção de parcerias entre universidades, instituições de investigação e o setor privado para desenvolver soluções tecnológicas e inovadoras; desenvolvimento de políticas que incentivem a sucessão familiar nas propriedades rurais, facilitando a transição de jovens que desejam assumir o negócio das suas famílias. Enfim, estas são apenas algumas das medidas que podem ser tidas em conta para atrair jovens para a agricultura, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do setor.
Por ultimo mas não menos importante, refira-se que o Ministério da Agricultura deve reforçar a sua ação integrada com o Ministério da Educação, visando a melhor intervenção no ensino agrícola e profissional, atraindo mais alunos com o desenvolvendo de programas de bolsas de estudo, promovendo parcerias com instituições educacionais, atualizando currículos mais adaptados ao mercado real, em linha com os necessários investimentos em infraestruturas e tecnologias nas várias instituições de ensino agrícola. Sim Senhor Ministro, é possível!
* Diretor da Revista Voz do Campo, editorial de abril de 2024.
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