Antes de tecermos qualquer opinião sobre o assunto que iremos aqui a abordar, queremos clarificar que o objectivo deste comunicado não é apontar o dedo a entidades colectivas ou singulares.
O objectivo é único e exclusivamente alertar, uma vez mais, a região e o país para o agravamento do estado de degradação, do troço da Linha do Vouga, compreendido entre Oliveira de Azeméis e Sernada do Vouga. Como todos sabem, somos acérrimos defensores deste troço e isso é um dos motivos pelo qual o nosso movimento existe.
No entanto, independentemente dos nossos objetivos, temos de ser realistas e apelar às entidades competentes para que, continuando a verificar-se estas condições deploráveis para a circulação, este troço seja declarado, temporariamente, intransitável. Sim, intransitável!
Defendemos uma Linha do Vouga na sua totalidade mas queremos uma linha digna e que respeite os parâmetros mínimos de segurança para todos. Para passageiros e trabalhadores. E que a infraestrutura não coloque, de igual modo, em causa, a integridade das composições ferroviárias que nela circulem.
Bastou percorrer um par de quilómetros entre Pinheiro da Bemposta e Albergaria-a-Nova para se perceber que aqui não podem nem deviam circular comboios. Mas circulam. Após a nossa iniciativa de reconhecimento da via, mesmo com uma velocidade máxima estabelecida em 10km/h, bastou um par de dias para haver novo descarrilamento.
As imagens que aqui divulgamos, nem sequer necessitam de legenda, pois falam por sim.
Desde sulipas completamente podres, a lama que cobre quase por completo a linha, encontramos o imaginável e o inimaginável também. Há zonas em que, pelas marcas de pneu, facilmente se percebe que há tractores agrícolas a circular em cima da via! E como se isso não bastasse, há zonas em que a linha vibra e enterra-se simplesmente com a força exercida pelo peso humano. Escandaloso?
Deixamos à consideração de cada um. Queremos, portanto, apelar uma vez mais à salvaguarda deste troço. Queremos pedir, encarecidamente, ao governo e à Infraestruturas de Portugal para que tomem as providências necessárias em relação ao assunto que estamos aqui a debater.
Apelamos para que se faça a manutenção mínima para que aqui possam continuar a circular comboios. Apelamos, não por uma questão de vaidade por parte de quem redige este comunicado, mas sim porque estamos a falar de segurança e, uma coisa que temos aprendido em tempos de pandemia, é que devemos zelar pela nossa segurança e pela segurança dos outros.
Neste momento é esse o nosso principal interesse. Que a linha seja declarada intransitável no troço em questão. Depois que seja feita a manutenção mínima para que seja transitável novamente. E, por fim, que se reúnam os esforços necessários para que o serviço de passageiros seja reativado (desde 2013 que esperamos por esse dia).
Caso as medidas que enumeramos anteriormente não sejam tomadas, continuarão a haver descarrilamentos. Tal como referimos no início, não vamos apontar o dedo a ninguém. Responsabilize-se quem se tenha de responsabilizar. E que no fim, não restem “pesos” na consciência.
Viva a Linha do Vouga!
Movimento Cívico pela Linha do Vouga