A reunião magna, participada por meia centena de sócios, número superior ao habitual, ficou marcada por alguns esclarecimentos prestados pelo presidente da direção no ponto para outros assuntos, em resposta a questões levantadas sobre a última temporada da equipa sénior de futebol, que foi despromovida do Campeonato de Portugal aos distritais de Aveiro.
A Assembleia Geral do Beira-Mar aprovou, esta segunda-feira à noite, por maioria (com três votos contra e 16 abstenções), o relatório de atividades e contas da época desportiva de 2019-20, que apresentou um resultado líquido negativo de 2703 euros.
Hugo Coelho, que irá passar o testemunho a Afonso Miranda, atual presidente adjunto e líder da única lista candidata aos orgãos sociais nas eleições agendadas para 24 de abril, terminou os trabalhos a fazer um balanço do triénio, recebendo aplausos no final.
Na primeira parte da Assembleia Geral, o presidente da direção foi chamado a clarificar algumas informações das contas numa época encurtada pela pandemia e em que as quotizações desceram “a pique” (apenas 600 pagantes em cerca de 4 mil sócios). Encontrar patrocínios “foi uma luta” ainda maior. Pela positiva, o Beira-Mar passou a beneficiar de subsídios camarários mercê do fim definitvo da SAD.
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Quanto à despromoção da equipa de futebol, Hugo Coelho foi questionado sobre as queixas apresentadas pelo treinador Ricardo Sousa após ser dispensado do comando técnico, apontando ingerências de terceiros e falta de condições, o que o presidente negou.
“Falhámos em várias coisas, não foi o homem que levantou a placa. Essa pessoa dá tudo que tem e o que não tem, mantendo uma lealdade enorme ao clube”, começou por dizer o presidente referindo-se às críticas apontadas ao diretor desportivo.
“Também não foi por abrir ou fechar a porta. As coisas falam-se às vezes dando-se ênfase a pequenos pormenores. Não era uma rebaldaria todos dias, aconteceu uma vez quando o funcionário da Câmara atrasou-se 10 minutos a abrir o portão do EMA, é esta a explicação”, esclareceu.
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“O Beira-Mar tem, felizmente, uma estrutura de futebol. Não sei se existe no Campeonato de Portugal alguma equipa com as condições do clube e mesmo na Segunda Liga”, garantiu o presidente, dando o exemplo de terem sido disponibilizados três campos em relva natural para a equipa trabalhar.
Já o plantel “foi montado” na base do orçamento disponível, com “os melhores jogadores para ‘atacar’ a época de acordo com o modelo de jogo de quem sabe de futebol”, referiu Hugo Coelho. A falta de regularidade durante a temporada surpreendeu. “Vimos fazer jogos fantásticos e jogos maus, fosse quem fosse o treinador”, afirmou.
Hugo Coelho negou que tivessem ocorrido interferências no trabalho técnico. “Procurámos apoios e conhecimento, mas no final não resultou. Fala-se muita coisa, que quem mandava era o investidor e só jogavam jogadores dos investidores. O Beira-Mar não tem investidor, tem um parceiro, que é sul coreano”, explicou, esclarecendo que aquele, para além de intercâmbio de jogadores do seu país natal até chegar a pandemia, gerando receitas para o clube por os acolher, apenas representava Marko Mitrovic (lesionado desde o início da época) “e nunca interferiu” em assuntos relacionados com a equipa.
Uma época “penosa em todos os aspetos” no plano desportivo, mas em que foi possível “manter o equilíbrio” do clube, ainda para mais com a atividade condicionada pela pandemia.
De resto, a direção já “identificou os erros de muitas coisas que falharam e que a estrutura futura não irá cometer”.
Discurso direto
“O blackout foi opção de Ricardo Sousa após os acontecimentos na época passada em Fátima, onde fomos prejudicados, maltratados. Somos humanos, o treinador também reagiu. Fomos solidários”;
“Foi o mesmo treinador que em dezembro deu uma entrevista a dizer que a direção era fantástica e estávamos a fazer um grande trabalho. Temos de ser solidários com quem estamos. Não podemos é sair de uma empresa e ‘rasgar’ o nosso patrão logo a seguir”;
“Em relação ao complexo de campos de treino, há pressão para a ampliação do hospital. O protocolo contemplava dois campos, entretanto nas conversações conseguimos mais dois campos e os balneários, que não estavam previstos porque era para usar os do estádio na cave junto ao estacionamento. Todos ficámos melhor. A Câmara conseguiu avançar, ou vai avançar, com o projeto do hospital e nós temos um complexo quase concluído. Tudo indica que vamos começar a época lá”.
Áudio com resumo de mensagem de despedida da direção
“Tenho pena de não termos conseguido uma única época tranquila” – Hugo Coelho, presidente do Beira-Mar.