Uma mulher de 48 anos acusada de burlar idosas viúvas de Aveiro para lhes subtrair quantias em dinheiro, na ordem das duas dezenas de milhar de euros, faltou ao início do julgamento, esta quarta-feira, sem apresentar justificação.
A arguida encontrava-se notificada da audiência e até esteve recentemente no Tribunal de Aveiro a alterar a morada.
Além de aplicar uma multa por falta injustificada, o coletivo de juízes decidiu emitir um mandado para que a autoridade policial da área de residência, em caso de necessidade, a possa deter, garantindo a presença na segunda data agendada para o julgamento.
De acordo com a acusação do Ministério Público (MP), a suspeita aproximava-se de idosas que estivessem fragilizadas, tendo preferência por viúvas, e fazia-lhes companhia de forma a ganhar confiança até deitar a mão a dinheiro.
Os factos agora em julgamento, relativos a 2016, foram cometidos quando a mulher estava a beneficiar da suspensão de uma pena de três anos e um mês por crimes idênticos a que foi condenada em 2015. De resto, desde 2012 que lhe são conhecidos antecedentes por burlas e uma primeira condenação de três anos de prisão, igualmente suspensa.
O tribunal começou por ouvir as ofendidas. A primeira, de 81 anos, residente em Oliveirinha, que se desloca de cadeira de rodas, disse que conhecia familiares da arguida. “Vinha ter comigo, fazia conversa, levava-me à igreja, e nunca mais me desemparou”, contou.
A dada altura, a arguida terá convencido a otogenária a levantar as poupanças que tinha no banco, 15 mil euros, para colocar num cofre em casa, fazendo crer que familiares “queriam fazer mal e ficar com o dinheiro”. Antes, a idosa tinha permitido o acesso a 2500 euros.
Também passava regularmente cheques aos 500 e 600 euros para vários tipos de pagamentos, de compras para a casa, mas também despesas da alegada burlona. “Eu não sei escrever, ela é que colocava os valores”, referiu. Outras vezes, a arguida pedia dinheiro emprestado porque “chorava muito” devido a problemas que teria de ordem pessoal (dívidas e encargos) e mesmo familiares doentes. “Só me roubou, nunca devolveu nada”, afirmou a idosa em resposta à Procuradora do MP.
Um dia a pretexto de trocar as notas no cofre por exemplares de 100 euros, “para ter menos volume”, a arguida apoderou-se do dinheiro “e nunca mais lá pôs os pés”. Ao todo, a idosa disse que ficou sem 17.500 euros.
O ‘modus operandi’ da suspeita era semelhante. Depois de travar conhecimento com outra vítima, de 79 anos, que tinha perdido o marido há pouco tempo, soube que a mesma tinha 15 mil euros na conta. Convenceu-a de forma semelhante a retirar o dinheiro e a guardá-lo num cofre em casa, a que teve acesso para ‘dar o golpe’.
Uma outra vítima, de 81 anos, emprestou dinheiro à burlona que inventou despesas para tratar de uma suposta herança de uma familiar da idosa em França. A otogenária ficou apenas com 99 euros na conta bancária.