Acelerar a tecnologia agroalimentar

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Agrovouga 2019.

Alguns dos problemas da economia portuguesa estão há muito identificados e diversos Governos têm tentado resolver parte deles (ainda que nunca de forma completa) – um desses problemas passa pela dimensão das empresas nacionais. Não podemos esquecer que 99,7% das empresas portuguesas são PMEs (o que, por si, não é incomum face a outros países). Mas 96% das empresas têm menos de dez colaboradores e situam-se em setores tradicionais, posicionadas na cadeia de valor a montante, com dificuldades em gerar valor acrescentado que possa justificar preços e margens elevadas, que permitam empregar, com salários razoáveis, a mão-de-obra mais qualificada que começa a abundar no país.

Por Vítor Ferreira *

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Dada a sua dimensão, estas empresas são incapazes de alavancar departamentos de I&D e inovação que permitam enfrentar os desafios de uma europa mais industrial e sustentável, mas também mais centrada no conhecimento. Neste sentido, os sucessivos quadros de apoio e o PRR criaram instrumentos que obrigam as empresas a congregar-se (com outras empresas e entidades do Sistema Científico e Tecnológico), para inovar.

Os problemas estruturais da economia portuguesa afetam também, profundamente, o setor agroindustrial. A falta de qualificação e a escassez de mão-de-obra jovem criam um ambiente desfavorável para a inovação e modernização das práticas agrícolas. A pequena dimensão das empresas, predominando as microempresas, resulta em uma fraca capacidade de investimento em tecnologias avançadas e em departamentos de I&D, essenciais para competir em um mercado globalizado. Além disso, a concentração em setores tradicionais impede a diversificação e a criação de produtos de maior valor acrescentado.

No que toca à falta de inovação de produto, existem hoje entidades como os Test-Beds, que vão permitir acelerar conceitos para o mercado. É o caso do Test4Food, liderado pela Lusiaves e Startup Leiria, que visa criar protótipos tecnológicos na área agroalimentar.

O Test4Food é uma iniciativa focada em apoiar PMEs e startups do setor agroalimentar através de um conjunto de serviços e ferramentas digitais. Este projeto visa acelerar a inovação e facilitar a transição digital no setor, permitindo o teste e validação de novos produtos e tecnologias. Entre as áreas cobertas pelo Test4Food estão a ciência dos dados e Big Data, robótica, inteligência artificial, Internet das Coisas e conectividade.

A iniciativa inclui a realização de ensaios de novas formulações alimentares, validação de tecnologias aplicáveis à indústria agroalimentar, automatização de processos e apoio à inovação digital. O Test4Food oferece até 30 mil euros em serviços de desenvolvimento e inovação digital, acompanhamento técnico para desenvolvimento de produto, e acompanhamento ‘business’ para trabalhar o conceito do negócio, além de mentores e infraestruturas especializadas. O processo do Test4Food envolve manifestação de interesse, avaliação, negociação, contratualização e execução dos serviços, culminando numa avaliação final.

Em conjunto com a Lusiaves, a Startup Leiria quer criar protótipos tecnológicos na área agroalimentar. Iniciativas como o Test4Food surgem como tentativas de mitigar as limitações analisadas, mas enfrentam dificuldades na implementação eficaz e na mudança cultural necessária para adotar novas tecnologias e métodos de produção. A falta de uma estratégia robusta de longo prazo e as falhas na execução dos programas de apoio são barreiras adicionais que agravam a situação.

Mais informações em https://startupleiria.com/test4food

* CEO da Startup Leiria. Artigo publicado originalmente no site Agriterra.

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