A visão do cluster português de calçado para 2030

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Imagem do Facebook da APICCAPS.
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O Plano é mais do que uma visão, é um compromisso do setor para aprofundar a sua competitividade no plano internacional e continuar a gerar valor para o nosso país.

Por Luís Onofre *

O novo Plano Estratégico do Cluster do Calçado 2030 define quatro prioridades (Qualificação de Pessoas e Empresas; Produtos e Processos Sustentáveis; Flexibilidade e Resposta Rápida; Presença Ativa nos Mercados), 24 medidas e 113 ações concretas para reposicionar o setor na cena competitiva internacional.

Ser a referência internacional da indústria de calçado e reforçar as exportações portuguesas, aliando virtuosamente a sofisticação e criatividade com a eficiência produtiva, assente no desenvolvimento tecnológico e na gestão da cadeia internacional de valor, assim garantindo o futuro de uma base produtiva nacional, sustentável e altamente competitiva. Esta é a visão do cluster português de calçado para 2030.

Com este choque estratégico, o setor prepara uma nova década de crescimento. Este Plano é mais do que uma visão, é um compromisso do setor para aprofundar a sua competitividade no plano internacional e continuar a gerar valor para o nosso país. O documento apresenta, adicionalmente, cinco projetos-âncora (Academia Digital, Inclusão & Responsabilidade Social, Compromisso Verde, Centros de Demonstração e Empreendedorismo de Marca), áreas de intervenção consideradas fundamentais no progresso do setor.

Quatro décadas de estratégia

Ainda que a APICCAPS apresente Planos Estratégicos de forma regular há mais de quarenta anos – nesse período o emprego triplicou, a produção multiplicou por cinco e as exportações por 13 – são diversas as circunstâncias que justificam a elaboração de um novo documento: na última década, houve uma profunda alteração nas preferências dos consumidores; o comércio eletrónico veio impor uma reconfiguração dos canais de distribuição; o mercado internacional de calçado está em transformação, com a afirmação de novos protagonistas; a pandemia de COVID-19 veio alterar hábitos e abalar a estrutura empresarial. Ao longo do documento analisam-se estes e outros fatores e as suas implicações para o cluster do calçado.

Embora cada plano tenha de atender às circunstâncias específicas do momento em que é produzido, a continuidade e regularidade destes exercícios tem garantido que a atuação da APICCAPS siga um rumo cujas coordenadas fundamentais, sem prejuízo dos ajustamentos necessários em cada edição, têm sido a aposta nos mercados internacionais, a progressão na cadeia de valor e a flexibilidade produtiva. Os desafios com que o cluster do calçado está confrontado são significativos. São vários os fatores que elevam o clima de incerteza como a escassez de mão-de-obra qualificada, o aumento acentuado da inflação e seus reflexos na política monetária, a emergência de novos canais de distribuição, a afirmação de novos concorrentes, as alterações nas preferências dos consumidores ou a incerteza sobre a evolução do consumo. Ainda assim, essas dificuldades não nos levarão a abandonar os princípios fundamentais que têm guiado a nossa evolução ao longo de décadas, nem vamos, agora, ceder a apelos protecionistas que sempre rejeitamos.

Na última década, a importância atribuída pela sociedade e pelos consumidores ao tema da sustentabilidade cresceu exponencialmente. Trata-se um tema que temos de trabalhar com o maior afinco, transformando-o num dos nossos argumentos competitivos fundamentais. A manutenção da nossa competitividade exige também que encontremos soluções para responder ao aumento dos nossos custos de produção e à escassez de mão-de-obra: temos de compatibilizar a escala das empresas nacionais com processos de automação que reforcem a sua eficiência produtiva.

Adicionalmente, o setor não poderá excluir soluções de gestão da cadeia de valor internacional que permitam reforçar a competitividade, pelo que dentro do esforço de progressão na cadeia de valor empreendido, terá de reforçar a apostar na criatividade e na marca para posicionar os nossos produtos, na medida em que é a solução que garante maior independência estratégica, sendo desejável que represente uma parcela crescente das exportações nacionais. Já a qualificação é o grande imperativo.

Constituído por 1500 empresas, responsáveis por cerca de 40 mil postos de trabalho, o setor de calçado exporta mais de 95% da sua produção para 172 países, nos cinco continentes. Até setembro, Portugal exportou 61 milhões de pares de calçado, no valor de 1537 milhões de euros, o que representa um crescimento de 22,5% face ao período homólogo do ano anterior.

* Presidente da APICCAPS – ssociação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneo. O novo Plano Estratégico do Cluster do Calçado 2030 foi apresentado a 29 de novembro.

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