A Universidade e a Escola podem cooperar?

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Ensino (arquivo).
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A nossa experiência mostra-nos que sim: a Universidade e a Escola podem (devem) cooperar. A autoavaliação das escolas é preconizada enquanto processo “obrigatório” (Lei n.º 31/2002, de 20 de dezembro). Contudo, não raras vezes, este processo acarreta desafios de diversa natureza. Alguns destes desafios decorrem da instrumentalização da autoavaliação, de uma performance da escola para dar resposta a uma exigência da tutela, ou para “ficar bem na fotografia” da avaliação externa (inspeção).

Por Diana Oliveira e Maria Aurora Barbosa *

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Não ignoramos estes desafios associados a visões neoliberais. Mas o nosso foco está nos desafios que algumas Escolas enfrentam quando reconhecem que beneficiariam de apoio técnico-científico para implementarem a sua autoavaliação. É sobre uma destas escolas que queremos falar neste artigo.

Na sequência de um contacto que partiu do Agrupamento de Escolas de Rio Novo do Príncipe – Cacia, a Universidade de Aveiro estabeleceu uma parceria durante 2 anos letivos (2019/2020 e 2020/2021). Foram três investigadoras do CIDTFF – Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (a primeira autora deste artigo, juntamente com a Professora Doutora Nilza Costa e com a Doutora Carla Ferreira) que cooperaram com a Equipa de Autoavaliação (EAA), à data dessa parceria.

Durante esse período, todo o Agrupamento se mobilizou. Por exemplo, foram dinamizadas sessões específicas e adaptadas para toda a comunidade escolar. Nessas sessões participaram todos. Mesmo “todos”, incluindo as crianças do 1.º ano, que ainda não sabiam ler, nem escrever, mas sabiam (e muito mais do que às vezes se julga), pensar e dar a sua opinião sobre a sua escola. Também os encarregados de educação participaram massivamente e nem o cansaço após um dia de trabalho os desmobilizou. Encheram a sala. O pessoal não docente (que, muitas vezes, não é tido nem achado) aderiu igualmente em massa. Os professores colaboraram em todo o processo e envolveram-se nas várias solicitações da EAA.

Esta Equipa, que incluiu representantes de toda a comunidade escolar (12 pessoas), era composta por uma Comissão Permanente: a Coordenadora (segunda autora deste artigo) e outras duas pessoas. Duas Professoras incansáveis: Helena Pereira e Ludovina Grilo. Tivemos salas cheias nestas sessões. No final, recolhemos post-it, desenhos, questionários, testemunhos em vídeo, etc. Um manancial de dados que foi cuidadosa e rigorosamente organizado, tratado e analisado.

Produziram-se, como habitualmente nestes processos, relatórios de autoavaliação. Alteraram-se práticas, melhoraram-se vários aspetos, ficaram outros por melhorar. Mas o maior ganho foi o conhecimento que o Agrupamento construiu de si próprio, foi o fortalecimento da sua coesão interna, foi o espaço, a vez e a voz que todos tiveram. Foi a aprendizagem que realizámos sobre a escola, sobre cooperar, sobre aprender, sobre melhorar. E não foi só a Escola que aprendeu com a Universidade. A Universidade aprendeu (e muito) com a Escola. Este processo só decorreu desta forma porque ambos, Escola e Universidade, partilharam o pressuposto de que a autoavaliação da escola é (pode e deve ser) um verdadeiro exercício democrático e participativo do qual podem resultar caminhos para a melhoria e desenvolvimento da escola.

* Centro de Investigação em Didática e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF) da Universidade de Aveiro | Agrupamento de Escolas Rio Novo do Príncipe – Cacia, Aveiro. Artigo publicado originalmente no site UA.pt.

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