O Partido Socialista esteve no governo desde 2005 (com um intervalo de apenas 4 anos do Governo de Passos Coelho) . Podia ter aliviado o número clausus no acesso a Medicina e não o fez.
Por António Alvim *
Cada dia se torna mais visível a terrível falta de Médicos de Família no SNS. É o desmoronar de um SNS universal. Até ao fim deste ano mais 1000 médicos de Família vão-se aposentar e 2,5 milhões de portugueses não terão quem os atenda quando estiverem doentes, quem faça o seguimento das grávidas, crianças e doentes crónicos como hipertensos e diabetes. Quem passe baixas, quem faça a renovação do receituário, quem requisite exames complementares Enquanto o Partido Socialista sucessivamente anunciava o fim dos “Utentes sem Médico de Família” a realidade corria velozmente em sentido contrário. Avisei há 2 anos. Avisei e expliquei há um ano.
O Partido Socialista esteve no governo desde 2005 (com um intervalo de apenas 4 anos do Governo de Passos Coelho) . Podia ter aliviado o número clausus no acesso a Medicina e não o fez. Estando há mais de seis anos no governo (e conhecendo que nestes dois anos os grandes cursos iniciados antes do 25 de Abril, que há 40 anos encheram o País de Médicos de Família, se iam reformar) nada fez para orientar as vagas de internato da especialidade em favor da Medicina Geral e Familiar) e nada fez para atrair e fixar os Médicos de Família no SNS. Bem pelo contrário…
Deixo para os artigos acima referidos as explicações e soluções que poderiam ter sido tomadas. Mas agora, em face desta situação a que o Governo Socialista deixou chegar as coisas apenas existe uma única solução.
Uma única solução
Permitir, ou seja, criar condições para que quem tenha um Médico de Família no sector privado possa deixar o Médico de Família do SNS, em cuja lista de utentes está inscrito, e optar pelo seu médico de Família Privado, deixando o lugar vago para quem não pode recorrer ao sistema privado. Ou seja, permitir que o seu Médico de Família privado disponha dos instrumentos necessários à sua plena atividade. Que lhe possa requisitar exames complementares de diagnóstico pelo SNS, articular-se com as várias instituições do SNS e passar Certificados de Incapacidade Temporária (baixas).
No total (sns e privados) existem Médicos de Família suficientes. Não existem é no SNS .
Não se pede que o estado pague o acesso a Médicos de Família privados. Pede-se apenas que os utentes que optem voluntariamente por um Médico de Família privado mantenham o seus direitos a exames complementares pelo SNS, ao acesso aos Hospitais do SNS e a baixas.
Há 25 anos pedi isto à Ministra Maria de Belém. Disse-me que sim. que era mesmo para andar. Mas não andou. Agora, ou isto ou ter os mais desprotegidos sem Médico de Família.
* Médico, autor do livro “Um manual para a mudança na Saúde”. Artigo publicado originalmente no site Healthews.pt.
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