O conhecimento e a tecnologia evoluem hoje a uma velocidade sem precedentes.
Por Paulo Jorge Ferreira *
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O relatório do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA), terminado este mês, analisa o impacto dos dispositivos digitais na aprendizagem, especialmente em Matemática. Os dados dizem respeito aos países da OCDE e a análise considera o perfil socioeconómico dos alunos e das escolas.
Os alunos que utilizam dispositivos digitais na aprendizagem até ao limite de uma hora diária têm um desempenho melhor em Matemática, com uma diferença de 14 pontos, e o acesso a este tipo de ferramentas em casa está positivamente correlacionado com a motivação e proatividade dos alunos. No entanto, o estudo também conclui que o uso excessivo destes dispositivos pode comprometer os benefícios.
O acesso a competências digitais avançadas promove o pensamento computacional e desenvolve a capacidade de resolver problemas de forma estruturada, lógica e criativa. Contudo, o impacto do digital na escola ainda é limitado. Apenas 8,6% dos alunos da OCDE têm contacto frequente com programação nas aulas. Em Portugal, a percentagem é ainda mais baixa (6%).
Estes resultados mostram que é urgente repensar a forma como as escolas integram a tecnologia e como estão a preparar os jovens para o futuro, que será cada vez mais digital. Não basta dotar as escolas com recursos tecnológicos. É fundamental assegurar que esses recursos sejam usados de forma equilibrada e eficaz na aprendizagem. A importância do papel do professor nessa integração é um dos pontos sublinhados no documento.
O conhecimento e a tecnologia evoluem hoje a uma velocidade sem precedentes. Se já desempenham um papel central no presente, no futuro a sua importância será inquestionável. Educar um jovem demora mais de uma década. É importante que saibamos antecipar as necessidades da sociedade e garantir que os alunos detêm as competências que lhes serão necessárias. A inclusão de competências digitais avançadas nos planos curriculares é indispensável para assegurar a relevância do ensino no futuro.
A tecnologia, por si só, não transforma a educação. É a forma como ela é utilizada, com intencionalidade pedagógica e alinhada com as necessidades do século XXI, que determina o seu impacto. Mais do que preparar os jovens para os desafios de hoje, é fundamental capacitá-los para os desafios do futuro. Cabe-nos a responsabilidade de antecipar as necessárias transformações.
Vale a pena pensar nisso.
* Reitor da Universidade de Aveiro. Artigo publicado originalmente em https://www.ua.pt/pt/noticias/13/89001
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