A seca, a degradação da agricultura e inércia do ministério da Agricultura

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Produção de leite.
Natalim3

Portugal, assim como outros países do Sul da Europa estão a ser fortemente atingidos pela seca.

Por Marisa Costa *

Sabemos que as alterações climáticas têm cada vez mais impacto na vida da população e de todos os setores de atividade e estudos recentes evidenciam que Portugal é um dos países europeus com maior vulnerabilidade aos impactos das alterações climáticas.

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), divulgou este mês que a situação meteorológica se agravou em Portugal no mês de abril. Os dados indicam que 89% deste território em seca, 34% da qual em seca severa e extrema.

Em França já foram tomadas medidas, é proibido encher as piscinas, regar e lavar os carros desde 10 de maio.

A água é vida e nós os agricultores sabemos disso.

Por cá a ministra fala de “tratamento de águas residuais e a dessalinização”. Ótimo.

Maria do Céu Albuquerque é ministra da agricultura desde outubro de 2019, mas todos os anos o tema SECA está na ordem do dia nos meses de calor.

– Não estará na altura de agir e não reagir?

– Não estará na altura da nossa ministra vir ao campo, ouvir os agricultores?

– Não estará na altura de o legislador vir ao terreno e aprender com quem conhece a natureza?

– Não estará na altura de definir uma estratégia para minimizar os impactos da falta de água?

É fundamental a comunicação e o diálogo na construção de politicas publicas que respondam aos desafios diários enfrentados pelos agricultores.

Outubro, novembro e dezembro foram meses muito chuvosos: O que aconteceu a essa água? Correu para o mar. O que aconteceria se essa água fosse retida. Garantia o futuro da agricultura, turismo e potenciava a coesão territorial.

As linhas de água e áreas adjacentes são em termos legais, objeto de sérias restrições de uso e proibições de benfeitorias, e deveriam ser vistas não como limitadoras, mas como potenciadoras das áreas envolventes. A requalificação dos milhões de quilómetros de rios, riachos, ribeiros, não devem ser vistos como aceleradores de escoamento de águas, mas como potenciadoras da alimentação do lençol freático, retardante da perda das águas da chuva.

Precisamos de criar reservas para garantir o abastecimento da população. A reserva da água pode passar por charcas, reservatórios, pequenas “barragens”.

É preciso agir, Não podemos é continuar a desperdiçar oportunidades. Se as alterações climáticas são inquestionáveis, a mudança de mentalidade é uma necessidade.

* Vice-presidente da Associação dos Produtores de Leite de Portugal. Artigo publicado originalmente em Agroportal.

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