A resiliência do setor dos transportes durante a pandemia e o caso de Aveiro

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Imagem do Facebook do Porto de Aveiro.
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Ao contrário de 2020, graças à extraordinária descoberta e desenvolvimento da vacina, a doença que parou o mundo foi sendo progressivamente controlada .

Por Pedro Viegas Galvão *

Portugal, graças à capacidade de adaptação e espírito cívico da sua população, à liderança da Task Force e das Instituições, ficou em lugar honroso no combate à doença, nos seus efeitos sanitários e económicos.

A resiliência do setor dos transportes, já evidenciada antes, perdurou sem grandes impactos na cadeia logística em Portugal. Portos, navios, rodovia, ferrovia, a operação logística foi pouco afetada pela crise sanitária. Todavia, em termos globais, não foi assim .

A cadeia de abastecimento global foi fortemente afetada no sueste asiático, como origem, e na costa oeste dos Estados Unidos, como destino. Várias foram as causas, mas como consequência vimos surgir um desequilíbrio entre a oferta e a procura de transporte marítimo, em particular no transporte de contentores, e que se arrastou a outros tipos e dimensões de navios. A falta contentores levou à multiplicação do valor do frete habitual por 10, na carga geral vimos múltiplos de 2 ou 3.

A resiliência do setor dos transportes, já evidenciada antes, perdurou sem grandes impactos na cadeia logística em Portugal.

2021 ficará na história como de excecional rentabilidade para os armadores, disfrutando do ponto alto do seu ciclo. Do outro lado, aqueles carregadores que não conseguiram repercutir no cliente final o aumento de custos logísticos sofreram grandes perdas para conseguir manter os seus clientes e a cadeia logística abastecida .

Portugal, como pequena economia aberta, sem operadores no Shipping à escala global e dependendo do exterior para o transporte das suas exportações e das suas matérias primas, sofreu de significativo aumento de custos e perdeu competitividade.

Atenta a esta alteração de mercado e velando pela manutenção das melhores práticas concorrenciais esteve a Autoridade da Mobilidade e Transportes, que passou em 2021 da liderança do Dr. João Carvalho, pioneiro na criação das bases da Regulação no Setor, para a Engª. Ana Paula Vitorino, igualmente profunda conhecedora do Setor Marítimo Portuário.

Mas o último ano foi também marcado pela descarbonização da indústria e da economia.

Em 12 meses, as duas centrais de carvão em solo nacional, grandes utilizadoras do Porto de Sines, encerraram a sua atividade. Por sua vez, a norte foi a segunda maior refinaria nacional e maior carregador do Porto de Leixões a fechar portas.

Oxalá o Governo que inicia funções neste novo ciclo político consiga, tal como Aveiro conseguiu, levar Portugal “a bom porto“.

Por detrás desta triste coincidência está uma mesma razão: a transição energética, que vai continuará a marcar a atividade industrial, esperemos que positivamente com novos investimentos, em particular nos setores intensivos em energia, que nos permitam olhar o futuro com mais otimismo.

Com nota muito positiva, o Porto de Aveiro .

Mantendo a tendência de crescimento nos últimos 10 anos, depois de liberalizar as operações, retirar barreiras à entrada e à saída de operadores, promover o diálogo entre os stakeholders, foi melhorando a pouco a pouco a sua competitividade. O resultado está à vista: apesar da sua reduzida dimensão, Aveiro é um exemplo de como crescer e criar riqueza no hinterland.

Um exemplo também para Portugal, pequena economia aberta, dependendo dos ventos da Europa e da economia mundial que também pode crescer mais e criar mais riqueza : ouvindo e envolvendo os stakeholders, fazendo reformas e ajustamentos, tornando a economia mais competitiva e o País mais próspero .

Oxalá o Governo que inicia funções neste novo ciclo político consiga, tal como Aveiro conseguiu, levar Portugal “a bom porto”.

OXALÁ!

* Presidente do Conselho Português de Carregadores. Artigo publicado originalmente no site da revista Transporte & Negócio com título adaptado

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