A prevenção primária pelo exercício físico na terceira idade: da investigação à comunidade

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Exercício físico na terceira idade.

Em sujeitos que apresentam níveis elevados de atividade física (ou que praticam regularmente), o exercício físico mostra-se fundamental para retardar as morbilidades associadas ao envelhecimento.

Por Pedro Forte *

Os investigadores, epidemiologistas e profissionais de saúde tem vindo a ser destaque de notícia no País e no mundo, fruto da catástrofe pandémica que vivemos. Esta está a ser a era da promoção da saúde e finalmente a atenção dos órgãos de soberania está nos seus diferentes níveis. O ideal, é a prevenção de qualquer tipo de doença.

A ciência tem-nos demonstrado que sujeitos fisicamente ativos (desportistas essencialmente) apresentam sintomatologia muito reduzida no que diz respeito às doenças infeciosas como o Covid-19. Mais ainda, os benefícios associados à prática de exercício físico confirmam a maior eficiência do sistema cardiorrespiratório e cardiovascular. Desta forma, quer o tratamento, quer a prevenção tornam-se mais eficientes com recurso ao exercício físico.

No entanto, de acordo com a organização mundial de saúde, em Portugal, apenas 38% das crianças, 12% dos adolescentes e 35% dos adultos cumprem com as recomendações mínimas de atividade física. Tal facto leva-nos a repensar as preocupações e os cuidados para com a saúde pública. No entanto, as atenções acabam voltadas para a terceira idade, onde o estado enfermo é mais prevalente.

O ISCE Douro é colaborador de um projeto de investigação aplicado à terceira idade, o +Idade+Saúde. Deste projeto, tem sido publicada produção científica que pretende avaliar os efeitos de programas de exercício físico em idosos da comunidade. Dos principais resultados, destacamos que, através de 3 sessões de exercício físico semanal de 60 minutos, são proporcionadas melhorias no sistema cardiorrespiratório, na aptidão funcional (capacidade de realizar tarefas de vida diária com autonomia), composição corporal e na qualidade de vida. É certo que, para as melhorias serem conseguidas é condição o rigor na especificidade, orientação, planeamento e definição dos exercícios a utilizar no programa de exercício físico.

Das investigações realizadas destacamos que: a composição corporal da população idosa tende a não ser alterada através do exercício; a aptidão funcional tende a melhorar com recurso ao exercício físico, mas em participantes treinados tende a manter-se; a capacidade cardiorrespiratória tende a melhorar ou manter-se dependendo se os participantes são sedentários ou ativos, respetivamente; a qualidade de vida tende a melhorar ou manter-se, novamente dependendo se os participantes eram sedentários ou ativos, respetivamente.

Os trabalhos de investigação realizados pela equipa de investigadores têm vindo a demonstrar que o exercício melhora a qualidade de vida na população idosa. No entanto, em sujeitos que apresentam níveis elevados de atividade física (ou que praticam regularmente), o exercício físico mostra-se fundamental para retardar as morbilidades associadas ao envelhecimento.

Face ao exposto, as recomendações que tem vindo a ser fornecidas na literatura, assentam essencialmente na prática de atividades físicas entre 150 a 300 minutos semanais.

Certo é que a atividade física é uma prática que não cumpre com um conjunto específico de princípios, pelo que através desta, os efeitos positivos tendem a ser pouco específicos. Assim, três sessões semanais de 60 minutos perfazem o mínimo das recomendações de atividade física. No entanto, realça-se que o incremento do tempo de prática deve sempre ser supervisionado por especialistas.

Muito ainda há a fazer na aplicação de programas de exercício físico na comunidade. No ISCE Douro é possível aconselharmos autarquias e entidades regionais para a aplicação de programas de exercício físico previamente testados, através de diversos estudos de cariz experimental na comunidade. Assim, será possível minimizar as morbilidades associadas ao envelhecimento e promover a saúde local através de um trabalho de terreno baseado em evidências científicas. No entanto, ainda há um longo caminho na transmissão do conhecimento científico à comunidade.

* Professor Coordenador e Coordenador do Departamento de Desporto do ISCE Douro. Doutorado em Ciências do Desporto pela Universidade da Beira Interior, Mestre em Exercício e Saúde e Licenciado em Desporto pelo Instituto Politécnico de Bragança. Trabalho de investigação tem vindo a abordar questões relacionadas com o exercício enquanto promotor de indicadores de saúde e com a performance desportiva. Artigo disponibilizado pela Associação Portuguesa de Imprensa.

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