A política e os politiqueiros

1917
Edifício da Assembleia Municipal de Aveiro.
Natalim3

Custa-me que a maioria a nível local desvalorize as propostas dos outros partidos só porque sim. E a questão que se põe nem é a simples desvalorização, é o ataque, é o desprezo, é a falta de respeito por outras ideias, que muitas vezes roça o insulto.

Por Sara Tavares *

Há quem não olhe a meios para atingir os fins, na política e na vida.

É triste em órgãos representativos ver Políticos, cuja estratégia passa ,sobretudo por minorar e denegrir as propostas apresentadas por outros, com o argumento de terem sido eleitos democraticamente ignorando, propositadamente, que todos foram!

Numa assembleia, cada deputado eleito tem toda a legitimidade política , está naquele lugar porque foi escolhido por quem lhe confiou o voto.

Custa-me que a maioria a nível local desvalorize as propostas dos outros partidos só porque sim. E a questão que se põe nem é a simples desvalorização, é o ataque, é o desprezo, é a falta de respeito por outras ideias, que muitas vezes roça o insulto.

Até se pode não concordar com o que é dito, mas há formas de o dizer e de argumentar. O insulto não é de todo o melhor.

Quem o diz perde a razão, se a tinha, quem o recebe está a fazer o trabalho para o qual foi eleito. Chama-se participação política.

O debate perde o conteúdo, ganha o burburinho na bancada , os apartes proliferam, e quando se vê a pessoa usa o tempo para se defender.

Em vez de se discutir política, discute-se legitimidade de primeira, de segunda e de terceira. A cidade perde com isso, os eleitos desgastam-se com o argumentário de defesa, quando se deveria, na verdade, valorizar a participação de todas as bancadas.

Faz parte da política haver discussão, divergência de ideias, deveria, indubitavelmente, ser a partir da discussão que se tirariam ilações para o pensamento da cidade.

Ora isto não acontece, quando se enumeram propostas ou sugestões há vários tipos de reação: – a falta de qualidade das propostas (todas são más, porque não tiveram origem no seu partido); – fugir à questão e colocar outra de preocupação geral, com o objetivo de acender a discussão e fugir à questão anterior; – atacar o autor da proposta ou da sugestão de forma a que a pessoa use o tempo a defender-se e perca a sua linha de raciocínio.

Segundo a minha perspetiva estes comportamentos só sublinham a paupérrima forma de fazer política de alguns, empobrecem a democracia e esvaziam a possibilidade de participação.

Na passada Assembleia Municipal de Aveiro aconteceu mais um destes episódios. Lamento sinceramente que tenha de testemunhar tais atitudes que só prejudicam o bom funcionamento de uma casa, onde o respeito devia imperar.

Sara Tavares.

* Professora, vogal do PS na Assembleia Municipal de Aveiro ([email protected]).