Urge concretizar as obras já prometidas no plano ferroviário nacional, que contemplam a modernização integral da via entre Aveiro e Águeda.
Por António Lopes Martins
A propósito de um exame médico com um familiar desloquei-me à cidade de Águeda, onde o referido exame era efectuado no Hospital Conde de Sucena.
Decidi deixar o ‘chaimite’ (o meu carro) no parque da estação de Aveiro e fiz a viagem de ida e volta nestas lindas automotoras UDD da série 9630, vindas da extinta linha da Póvoa de Varzim, actualmente servida pelo Metro do Porto.
Vieram todas para a Linha do Vouga e são actualmente o único material circulante a efectuar serviço comercial de passageiros regular nesta linha de via estreita ou métrica, a única em funcionamento actualmente em Portugal.
Depois de andarem muitos anos ao abandono, e totalmente grafitadas, estas automotoras foram todas recuperadas e revistas em termos mecânicos nas Oficinas da EMEF em Contumil-Porto e apresentam-se agora ao serviço, limpas, pintadas e com excelente aspecto, a cheirar a novo, proporcionado aos passageiros que usam este meio de transporte um meio cómodo e seguro de viajar.
Fiquei agradavelmente surpreendido pela qualidade deste material, onde eu nunca tinha andado.
Pena é o estado algo degradado da via entre Aveiro e Águeda, que limita a 50 Km/hora a velocidade destas circulações, que tende a demorar algo a viagem. Mesmo assim ainda ganha para os automóveis, atendendo ao estado degradado da estrada Nacional Nº 230 que liga as duas cidades.
Existe uma ligação estreita e movimentos pendulares de passageiros, de pessoas que trabalham ou em Águeda ou em Aveiro e de estudantes que utilizam o comboio para as sua deslocações.
Urge, pois, concretizar as obras já prometidas no plano ferroviário nacional, que contemplam a modernização integral da via entre Aveiro e Águeda, já que o resto do trajecto entre Águeda e Sernada do Vouga, felizmente já foi integralmente modernizado em anos anteriores.
Passageiros existem, material circulante também e se houver bons horários e ligações rápidas e confortáveis, a procura deste transporte aumentará, pois o futuro da ferrovia em Portugal, depois de longos anos de abandono, neste momento, apresenta-se promissor.
Este dia foi diferente e foi muito agradável. Viajar no ‘Vouguinha’, como carinhosamente é chamado, é uma experiência única e inesquecível.
Como viagem de trabalho ou deslocação de turismo, nos comboios históricos, a Linha do Vouga tem futuro.
Espero eu e todos os cidadãos que partilham esta paixão, isoladamente ou integrados em movimentos cívicos de defesa da Linha do Vouga, que os decisores com a tutela da nossa ferrovia cumpram as suas promessas e invistam o que está já em plano de obra.
Nós cidadãos estaremos atentos e vigilantes, para exigir o seu integral cumprimento.
Viva o ‘Vouguinha’ e a Çinha do Vouga, que já completou um século de história e ainda tem muita história para contar.