A influência das tensões geopolíticas nos portos portugueses

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Porto de Aveiro.
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Os portos portugueses, vitais para a economia do país e para o comércio internacional, não operam isolados do contexto geopolítico global.

Por Inês Delgado *

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As tensões internacionais, como a guerra na Ucrânia, os conflitos no estreito de Taiwan, a guerra em Israel e os ataques dos houthis no Iémen, estão a ter repercussões significativas no setor marítimo, afetando diretamente os portos e a dinâmica do comércio marítimo global

Acresce que o superciclo eleitoral global de 2024 (com foco particular nas eleições dos Estados Unidos da América) contribuirá para a complexidade geopolítica.

Não nos devemos esquecer das implicações que ainda poderão surgir das tensões no estreito de Taiwan e da guerra de Israel em Gaza. O aumento das tensões no estreito de Taiwan entre a China e os Estados Unidos tem potencial para causar grandes disrupções nas cadeias de abastecimento globais. Se um conflito militar emergir nesta região, espera-se uma reconfiguração das rotas marítimas que atravessam o Pacífico, impactando o comércio global de bens tecnológicos e manufaturados, dos quais Portugal também depende.

Por outro lado, o conflito entre Israel e grupos militantes na região tem o potencial de desestabilizar rotas comerciais no Mediterrâneo Oriental. Os portos podem precisar de ajustar as suas operações e rotas para evitar áreas de conflito, aumentando a dependência de rotas alternativas que podem ser mais longas e caras.

Em resposta a estas tensões, os portos portugueses têm a oportunidade de se posicionarem como pontos estratégicos no reordenamento das cadeias de abastecimento. A localização geográfica de Portugal, na encruzilhada entre o Atlântico e o Mediterrâneo, pode tornar os seus portos ainda mais cruciais como hubs de transbordo e redistribuição para a Europa e além.

No final de 2023, diversas transportadoras alteraram as suas rotas para evitar as tensões no Mar Vermelho, optando pela passagem pelo Cabo da Boa Esperança para conectar a Ásia à Europa – ainda que essa alternativa tenha resultado em tempos de trânsito mais longos.

A necessidade atual dos armadores de utilizarem a rota atlântica permite que os grandes porta-contentores cheguem mais facilmente à Europa, impulsionando os números de movimentação de carga. Nos primeiros dois meses do ano, a carga movimentada em todos os portos portugueses aumentou 11%, embora os portos de Leixões, Faro e Aveiro não tenham registado dados significativos.

* Mestre em Gestão Portuária, pela Escola Náutica Infante D. Henrique. Ler artigo completo no site Transportes & Negócios.

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