A importância do turismo inclusivo e de adaptação das experiências de viagem

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Turismo acessível (Imagem partilhada em https://www.cndportugues.com).

Vivemos numa época em que viajar é considerado uma fonte de enriquecimento pessoal e cultural. No entanto, para pessoas que vivem com demência e para os seus cuidadores, a ideia de viajar parece assustadora, cheia de incertezas e desafios. Nos últimos anos, houve uma crescente consciencialização sobre a importância do turismo inclusivo e a necessidade de adaptação das experiências de viagem para acomodar as carências das pessoas.

Blog do IPDT *

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O tema turismo inclusivo é cada vez mais importante. E neste seguimento, tem-se falado muito nas oportunidades de viagem para indivíduos com demência. Há uma necessidade de personalização de itinerários, acomodações especializadas, serviços de apoio e muito mais. Será que a indústria do turismo está pronta para a inclusão e para garantir que todos, inclusive as pessoas com demência, possam desfrutar do prazer de viajar?

De acordo com um artigo da National Geographic, os cientistas calculam que, em 2050, cerca de 153 milhões de pessoas, em todo do mundo, sofrerão de demência. Porém, acredita-se que a melhor “medicação” é a socialização, o exercício físico, ser mentalmente ativo e apanhar sol para melhorar os níveis de vitamina D. Na China, foi realizado um estudo, por académicos australianos e chineses, com centenas de pessoas com demência, no qual se constatou que viajar pode ajudar as pessoas com esta patologia, uma vez que lhes são proporcionados estímulos cognitivos e sensoriais resultantes das paisagens, cheiros, sabores e encontros sociais.

O turismo amigo da demência (dementia-friendly tourism) é um conceito em evolução que tem como foco tornar as experiências de viagem e o turismo mais acessíveis e agradáveis para pessoas que vivem nesta condição, bem como os seus cuidadores. Criar ambientes que respondam às necessidades específicas das pessoas com esta patologia, permitindo-lhes desfrutar de uma viagem solidária e inclusiva, é o principal objetivo. Para que isto seja possível é necessário ter em conta vários fatores:

  • Compreender o que é a demência e quais as suas necessidades
  • Formação para os profissionais de turismo
  • Integração de mobilidade acessível
  • Adaptação das atividades e programas
  • Utilização de tecnologia e inovação para melhoramento da viagem

Destinos como a Austrália, o Canadá, o Reino Unido e os Estados Unidos possuem um guia para viagens amigas da demência, de forma a alcançar as condições ideais para que o turista consiga disfrutar das atrações e atividades. Eis alguns exemplos de experiências que estes lugares proporcionam:

  • Na Austrália, os locais organizam eventos como “memory café” onde as pessoas com demência socializam enquanto tomam o chá da manhã. O Museu de Arte Contemporânea da Austrália oferece aulas, onde os educadores debatem com os participantes qual o significado das obras de arte. Posteriormente, estes recebem, em casa, materiais para criar as suas próprias peças.
  • No Reino Unido, as Visit England e Visit Scotland possuem um Guia de Turismo Amigo da Demência, que explica como as empresas devem melhorar os serviços para as pessoas com demência como a acessibilidade, a sinalética, a oferta de descontos para os cuidadores, entre outros.
  • Nos Estados Unidos, o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque tem workshops de apreciação de arte destinados a pessoas com demência com acompanhamento personalizado.

Quais os principais passos para que os destinos se tornem dementia-friendly?

Para além dos vários fatores abordados ao longo do artigo, inicialmente, há que perceber quais os passos mais importantes para conseguir realizar esta mudança:

  • Avaliação e planeamento – é necessário avaliar os espaços públicos e as atrações turísticas para identificar as áreas a melhorar.
  • Colaboração com as organizações especialistas – estabelecer parcerias com empresas locais, que prestam cuidados de saúde, para ajudar a implementar as iniciativas.
  • Criação de campanhas de sensibilização – aumentar a consciencialização sobre esta patologia junto da comunidade.
  • Melhoramento das infraestruturas – melhorar a acessibilidade para as pessoas com demência, nomeadamente, através de sinalética, e de passeios e espaços públicos adaptados.
  • Programação específica – desenvolver programas turísticos adaptados para as necessidades e interesses destes turistas.

Desenvolver um destino turístico amigo da demência requer um grande esforço por parte da gestão pública, das empresas e da comunidade. Contudo, a adoção destes princípios favoráveis à demência além de melhorar substancialmente a experiência de viagem destes turistas, também promove uma comunidade mais inclusiva e altruísta.

* Artigo originalmente publicado em https://www.ipdt.pt/dementia-friendly-tourism-conceito-crescimento/

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