As oliveiras plantadas na Universidade de Aveiro (UA) têm uma história curiosa e algo polémica na altura. Uma história que se tornou um mito, falado entre muitos elementos da comunidade académica. A verdade, essa, é simples.
Por Renato Araújo *
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A questão surge com uma necessidade. O arquiteto que fez o desenho do campus da Universidade procurava uma solução para a ligação entre o que tinha sido construído primeiro, mais antigo, e o que foi construído já sob a nossa alçada, entre os edifícios do Ambiente e da Eletrónica. Era difícil “juntar” os dois edifícios, de arquitetos diferentes.
Surge, por isso, a necessidades de ter alguma coisa que fizesse uma divisão. Não se conseguia, porém, chegar a um consenso. Então, com o engenheiro Tavares da Conceição – que já não está entre nós – decidimos que se devia colocar ali qualquer coisa que não perturbasse muito a zona, incluindo o Seminário. Começamos, pois, a pesquisar espécies autóctones de entre as árvores locais, sem sucesso. Eu pensei, então, que poderíamos plantar oliveiras dado o seu aspeto agradável pelo cinzento e verde da folha associado ao esbranquiçado das flores.
Na altura, a Junta Autónoma das Estradas – à época chamada assim- estava a alargar a estrada N1, perto da Mealhada, e estavam a derrubar umas oliveiras fabulosas.
Soubemos disso e fomos lá pedir algumas. Felizmente ainda chegamos a tempo e trouxemos algumas para cá. Se há alguma relação das oliveiras com a cidade? Não tenho resposta. Isto porque, de facto, esta decisão deu lugar a críticas de algumas pessoas.
Mas, se perguntar qual é a relação das oliveiras com a Universidade, aí já há uma relação muito interessante, porque a preocupação ambiental surgiu na UA desde cedo. Dar uma nova vida àquelas oliveiras rejeitadas pelas obras de alargamento de uma via fazia todo o sentido. Porém, na altura, ainda não era assim tão óbvio e outras questões se levantaram.
Houve muitas queixas. Pessoas extremamente ativas na defesa do ambiente protestavam porque a oliveira não era uma árvore representativa da região. E qual a alternativa? Não havia. Começamos por plantar duas ou três.
Muitos não acreditavam que pegassem porque eram oliveiras já velhas, mas nós acreditávamos que sim. Isto deu uma discussão muito engraçada. O certo é que pegaram mesmo, ainda lá estão e continuam a servir de sombra para estudantes. E se falassem contariam muitas histórias.
É impossível imaginar aquela zona da UA sem as oliveiras.
* Professor Emérito e antigo Reitor (1986-1994), Artigo publicado na Revista Linhas (Junho de 2024).
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