A história das oliveiras na Universidade de Aveiro

992
Universidade de Aveiro (Imagem divulgada na revista Linhas / UA).

As oliveiras plantadas na Universidade de Aveiro (UA) têm uma história curiosa e algo polémica na altura. Uma história que se tornou um mito, falado entre muitos elementos da comunidade académica. A verdade, essa, é simples.

Por Renato Araújo *

Está a ler um artigo sem acesso pago. Faça um donativo para ajudar a manter o jornal online NotíciasdeAveiro.pt gratuito.

A questão surge com uma necessidade. O arquiteto que fez o desenho do campus da Universidade procurava uma solução para a ligação entre o que tinha sido construído primeiro, mais antigo, e o que foi construído já sob a nossa alçada, entre os edifícios do Ambiente e da Eletrónica. Era difícil “juntar” os dois edifícios, de arquitetos diferentes.

Surge, por isso, a necessidades de ter alguma coisa que fizesse uma divisão. Não se conseguia, porém, chegar a um consenso. Então, com o engenheiro Tavares da Conceição – que já não está entre nós – decidimos que se devia colocar ali qualquer coisa que não perturbasse muito a zona, incluindo o Seminário. Começamos, pois, a pesquisar espécies autóctones de entre as árvores locais, sem sucesso. Eu pensei, então, que poderíamos plantar oliveiras dado o seu aspeto agradável pelo cinzento e verde da folha associado ao esbranquiçado das flores.

Na altura, a Junta Autónoma das Estradas – à época chamada assim- estava a alargar a estrada N1, perto da Mealhada, e estavam a derrubar umas oliveiras fabulosas.

Soubemos disso e fomos lá pedir algumas. Felizmente ainda chegamos a tempo e trouxemos algumas para cá. Se há alguma relação das oliveiras com a cidade? Não tenho resposta. Isto porque, de facto, esta decisão deu lugar a críticas de algumas pessoas.

Mas, se perguntar qual é a relação das oliveiras com a Universidade, aí já há uma relação muito interessante, porque a preocupação ambiental surgiu na UA desde cedo. Dar uma nova vida àquelas oliveiras rejeitadas pelas obras de alargamento de uma via fazia todo o sentido. Porém, na altura, ainda não era assim tão óbvio e outras questões se levantaram.

Houve muitas queixas. Pessoas extremamente ativas na defesa do ambiente protestavam porque a oliveira não era uma árvore representativa da região. E qual a alternativa? Não havia. Começamos por plantar duas ou três.

Muitos não acreditavam que pegassem porque eram oliveiras já velhas, mas nós acreditávamos que sim. Isto deu uma discussão muito engraçada. O certo é que pegaram mesmo, ainda lá estão e continuam a servir de sombra para estudantes. E se falassem contariam muitas histórias.

É impossível imaginar aquela zona da UA sem as oliveiras.

* Professor Emérito e antigo Reitor (1986-1994), Artigo publicado na Revista Linhas (Junho de 2024).

Siga o canal NotíciasdeAveiro.pt no WhatsApp.

Publicidade e serviços

» Pode ativar rapidamente campanhas promocionais no jornal online NotíciasdeAveiro.pt, assim como requisitar outros serviços. Consultar informação para incluir publicidade online.