Assumindo-se como pacificador após uma acérrima disputa eleitoral, Vitor Martins garantiu que não haverá, pela sua parte, ressentimentos nem vinganças na sequência do concorrido ato eleitoral que ditou, terça-feira, a sua recondução como presidente da concelhia de Aveiro por 39 votos.
O ex autarca da freguesia de Santa Joana assegurou que não ficou surpreendido com o aparecimento de oposição. “As pessoas são livres. Em outros mandatos, aconteceu. Na anterior é que não apareceu mais que uma lista. Agora surgiram duas a votos, isso ainda me dá, para além de mais satisfação, maior responsabilidade para o mandato que vamos realizar. Tenho os militantes ao meu lado, reconheceram o nosso trabalho. Foi a minha 12ª vitória, nunca perdi”, destacou.
Para Vitor Martins, conselheiro nacional do PSD que saiu de número três da lista de candidatos a deputados pelo distrito nas últimas eleições invocando motivos pessoais, a diferença de votação deverá ser valorizada atendendo a que se tratou de um ato “em que participaram 90 por cento de militantes, o que é raro a nível nacional”.
A oposição foi protagonizada por vários militantes de destaque no concelho, nomeadamente autarcas (presidentes de junta, um vereador e o presidente da Assembleia Municipal) que a comissão política cessante indicou para os respetivos lugares em 2017 e agora viu revoltarem-se.
“Trabalhar todos para o mesmo, para Aveiro”
O presidente reeleito prefere declarar ‘cessar fogo’. “Após a contagem dos votos surgiu uma lista só, não houve divisões de ninguém, estivemos como se fosse uma lista e trocaram-se abraços e compromissos de trabalhar todos para o mesmo, para Aveiro”, vincou.
Vitor Martins mostra-se imune a denúncias recorrentes, que voltaram a ser assumidas publicamente, nas redes sociais após o desfecho eleitoral, até por figuras do PSD com cargos autárquicos, do pretenso recurso a utentes de uma IPSS de Santa Joana, a que está ligado, inscritos como militantes. “Não tem nada a ver uma coisa com outra. Desvalorizo e transmitirei a minha opinião nos locais próprios e não nas redes sociais”, limitou-se a responder.
A ‘contagem de espingardas’ entre os sociais democratas locais mantém-se já com a agulha virada para a disputa eleitoral pelos orgãos nacionais, com uma grande parte dos militantes a dividirem-se entre Luís Montenegro e Rui Rio.
As próximas autárquicas são um assunto que fica em ‘stand by’, por isso não há respostas a questões sobre, por exemplo, o futuro da atual coligação com o CDS e PPM. “Eu não vou tocar nesses assuntos em respeito aos colegas de coligação, agora só estamos focados em trabalhar no PSD, porque temos o congresso pela frente”, referiu Vitor Martins que já assumir ser o seu último mandato como líder concelhio.
Depois da clarificação da liderança nacional, “aí sim voltarão as preocupações das autárquicas e em continuar a ser poder em Aveiro e nas freguesias para conquistar”.
O líder reeleito avisa que não deixará de assumir as responsabilidades partidárias no processo e indicação de candidatos. “Aprendi com Sá Carneiro que a gestão política cabe à comissão política, ela é que decide. O que os outros possam dizer não conta nada, contam é as nossas decisões. Seja para deputados, seja para presidentes ou vereações. Isso tem de passar pelas minhas mãos, e dos meus colegas. Podem vir aí dizer que querem trazer o Cristiano Ronaldo para candidato à Câmara de Aveiro, mas quem é ele para mandar ? Nós temos as nossas gentes e na hora de tomar decisões tomámos. Queremos é que os nossos autarcas continuem a desempenhar o melhor papel para o bem de Aveiro”, afirmou.
Discurso direto
“O futuro é continuar a ganhar o município, as freguesias onde não somos poder, reforçar a que não estão tão reforçadas. Quero que fiquem bem reforçadas, com grandes votações. É esse o nosso trabalho. Para isso, criámos também a comissão política alargada, com pessoas que nos possam ajudar nas reflexões sobre Aveiro e ajudarmos os nossos autarcas. Para ganhar tudo o que houver para ganhar, como principal partido que é.”
“Todos os autarcas das listas foram indicados pela concelhia do PSD. A presidente de Esgueira, Ângela Almeida, foi minha vice-presidente e também trabalhou para mim. As pessoas são responsáveis pelas afirmações que fazem. Têm legitimidade para participar em qualquer lista, isso não invalida que continuemos a trabalhar partidária e autarquicamente. Se há algum problema é nos orgãos locais que se analisa, vamos ver.”
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