“A força da UA veio bem ao de cima durante este seu 47º ano” – Reitor

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Transmissão da sessão evocativa do 47ª aniversário da UA.
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Celebramos hoje o 47º aniversário da nossa Universidade, em circunstâncias muito diferentes das habituais, mas às quais, perdoem-me, não irei dar relevo. Seria uma injustiça com os 47 anos de vida da Universidade de Aveiro deixar que este último ano, ou qualquer outro ano, se tornasse hoje o centro único das nossas atenções.

Por Paulo Jorge Ferreira *

Esta celebração evoca todo o nosso passado. Faz-nos recordar o que somos e como chegámos aqui. Os sucessos de hoje e os projetos para amanhã só são possíveis porque outros, ao longo destes 47 anos, nos foram deixando alicerces sólidos; porque sobre eles construíram futuro; porque acreditaram na UA desde o início, quando era mais difícil acreditar.

O nosso aniversário merece ser celebrado em ambiente de festa, reconhecendo o mérito e a entrega dos nossos trabalhadores à casa – neste ano como noutros anos, ao longo de toda a vida da instituição.

E foi precisamente para reconhecer esse mérito e entrega que criámos um conjunto de prémios, visando distinguir quem ofereceu um contributo de extrema relevância para a UA, em cada uma das suas vertentes.

O Prémio para o Pessoal Técnico, Administrativo e de Gestão da UA pretende dignificar e distinguir a excelência, o zelo e o rigor que os nossos trabalhadores colocam na execução das suas tarefas, independentemente da carreira ou categoria.

O prémio de 2020 tem por período de referência os anos civis de 2018 e 2019 e é constituído pelo prémio principal e duas menções honrosas, segundo regulamento publicado em Diário da República a 21 de fevereiro de 2020.

É justíssimo que assim se faça. O pessoal técnico, administrativo e de gestão tem intervenção em múltiplas e transversais áreas da Universidade, tendo um papel extremamente relevante no funcionamento institucional.

Importa reconhecer e dignificar a sua função, salientando trabalho que é efetuado diariamente com elevado zelo e rigor.

Não esquecemos nenhuma das vertentes de atividade da Universidade de Aveiro e por isso instituímos prémios também para investigação, ensino e cooperação.

Atribuiremos hoje o Prémio Investigador da Universidade de Aveiro, uma vez que os processos relativos aos dois outros ainda decorrem. Segundo o regulamento, publicado em Diário da República a 23 de janeiro de 2020, o prémio é anual e visa destacar trabalho de investigação realizado na Universidade, reconhecendo o mérito de docentes, investigadores ou equipas de investigação cujo trabalho tenha sobressaído, a nível nacional e internacional, de forma a consolidar uma cultura de criação e investigação. O prémio principal e as menções honrosas serão atribuídas nesta sessão.

Muitos parabéns aos contemplados. O vosso contributo é, asseguro-vos, fundamental para a Universidade de Aveiro.

As circunstâncias que rodeiam este ano não permitiram a realização da tradicional cerimónia de entrega de medalhas, que se caracteriza por um ambiente de grande convívio, alegria e proximidade.

Adiámos o evento, na esperança de o poder vir a realizar em condições que permitissem preservar as suas características únicas, que tão caras são a todos.

A situação atual não o permite ainda, mas decidimos avançar ainda assim.

Este ano entregaremos 58 medalhas de 10 anos; 97 medalhas de 20 anos; 79 medalhas de 25 anos; 26 medalhas de 30 anos; 36 medalhas de 35 anos; e 23 medalhas de 40 anos. Entregá-las-ei, uma a uma, pessoalmente, ao longo dos próximos dias, de forma segura para todos, acompanhadas de uma mensagem
do reitor atual e de outra do reitor em cujo mandato o trabalhador iniciou funções.

Pela primeira vez na história da UA, temos medalhas de 45 anos para entregar. São duas, e cada uma representa quase tantos anos de dedicação à UA quanto os seus anos de existência. Terei a honra e o prazer de entregar durante esta cerimónia duas medalhas de 45 anos a Maria Isabel Pratas Cardoso Saraiva Januário e João de Lemos Pinto, aqui presentes. Isabel Januário, Lemos Pinto, um grande abraço.

Que estas duas medalhas de 45 anos simbolizem as restantes 319, que vos farei chegar, pessoalmente, ao longo dos próximos dias. No total, são 321 percursos individuais, mais de 7000 anos de serviço, que se fundem numa ideia de Universidade, que cresceu de uma semente lançada há 47 anos.

A Universidade cresceu graças ao trabalho de muitos. Deve muito a todos os seus trabalhadores, presentes ou não. Recordo aqueles que já não estão entre nós, e que aqui deixaram a sua marca. Agradeço, com emoção, a todos.

Não esquecemos o nosso passado, mas temos de estar atentos ao mundo atual, em rápida mudança.

Amanhã, a UA e a AAUAv organizam, a partir das nove horas, em formato online, a Conferência “UA Shaping the Future”, que reúne um grupo de oradores diverso, com larga experiência e profundo conhecimento da economia, da sociedade e do ensino superior. Contamos com a participação da comunidade académica para refletir em torno do ensino, da inovação, do empreendedorismo e do futuro do emprego, no contexto da transformação digital.

É uma oportunidade para olharmos além de 2030 e decidirmos que universidade queremos ser. Estão todos convidados a participar.

No 47º aniversário da UA lançámos um desafio algo semelhante a uma escritora que dispensa apresentações: Lídia Jorge.

Pedimos-lhe que partilhasse connosco a sua visão do mundo que nos espera. É esse o tema que aqui desenvolverá, aliás muito apropriado ao momento que vivemos e aos nossos estudantes.

Lídia Jorge publicou o seu primeiro romance, O dia dos Prodígios, em 1980. O seu mais recente livro, Em todos os sentidos, é de 2020. Ao longo destes 40 anos deu-nos mais de vinte títulos, divididos entre a tentação ocasional do conto e o exercício mais assíduo do romance. A todos eles preside a mão sábia e comovente de uma mulher fascinada pelo labirinto coletivo da nossa História, ou pelos muitos labirintos que cerceiam o gesto humano. Dentro da sua escrita mora a importância da literatura na vida coletiva e individual do ser humano. É através dela que Lídia Jorge fala connosco, ensinando-nos sempre, dentro e fora dos seus livros, a sermos mais humanos.

Agradeço-lhe profundamente a disponibilidade que de imediato manifestou para enriquecer de forma insubstituível esta nossa celebração.

Antes de concluir há algo que quero mencionar.

Todos são grandes quanto a hora é sua, escreveu o poeta, e de facto todos parecemos fortes quando o vento sopra de feição.

É perante ventos contrários, é perante a adversidade que melhor se nota a força de uma comunidade. E a força da Universidade de Aveiro veio bem ao de cima durante este seu 47º ano.

Notou-se em toda a nossa comunidade académica. Notou-se aqui, dentro da Universidade, na capacidade de inovar e explorar novos caminhos. Notou-se fora da Universidade, em ações de solidariedade e voluntariado. Notou-se no empenho, na entrega e na generosidade.

Os desafios ainda não terminaram. Mantenhamos no futuro, como fizemos ao longo deste ano e como fazemos há 47 anos, a mesma força, a mesma ousadia e a mesma vontade em ir mais longe; e não só ultrapassaremos todas as crises, como sairemos delas mais fortes e resilientes.

Muito obrigado a todos.
Parabéns, Universidade de Aveiro.

* Reitor da Universidade de Aveiro. Discurso na sessão comemorativa do 47ª aniversário da instituição de ensino superior.

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