A educação tão velha quanto a humanidade é hoje um grande motivo de preocupação. O conceito universal de educação é aplicável a qualquer das formas que o processo educativo possa apresentar, sendo evidente que a educação apresenta características especiais face às especificidades do homem e da sociedade que o estimula e onde se insere.
Por José Teixeira Valente *
Uma das facetas mais interessantes do homem de hoje é, sem dúvida, a sua liberdade, embora considere que o exercício dessa liberdade o torne mais só que em tempos passados.
Face a esta maior liberdade e maior solidão do homem e das múltiplas possibilidades e riscos que a sociedade oferece, evidencia-se uma característica especial da educação hoje: a sua exigência. Isto não quer dizer que o homem se encontre numa situação radicalmente diversa da que defrontou em tempos passados. Está, no entanto, confrontado com alguns aspetos da vida que lhe exigem uma atenção especial. Com a educação e a escola sucede o mesmo.
A educação escolar surge como uma preocupação predominantemente intelectual. As primeiras escolas gregas e romanas são disso exemplo. Mesmo na Idade Média as universidades tinham por finalidade principal a aquisição de cultura filosófica, jurídica, médica e até teológica. Nos nossos dias ampliou-se o conceito e o que dantes se traduzia na aquisição de conhecimentos abstratos, passou, atualmente, a significar também a capacidade de perceber os aspetos práticos da vida, com incidência na compreensão dos fenómenos técnicos, sociais, políticos, etc.…
Amplia-se, assim, o conceito de inteligência e da responsabilidade da escola que, para além dos conhecimentos e hábitos culturais, passa a dedicar-se à formação humana igualmente nos seus aspetos sociais. A escola adquire, pois, particular relevo na preparação ativa na vida em sociedade e no exercício de uma profissão.
As atividades escolares são hoje, sem dúvida, muito mais ricas do que anteriormente, sendo essa riqueza indispensável em virtude do homem se encontrar mais necessitado, nos tempos que correm, para utilizar adequadamente os meios que a técnica põe ao seu alcance (não sonhados há um século) exigindo-lhe, portanto, uma preparação mais complexa, cuidada e difícil. Daí não se considerar caprichos dos responsáveis e dos professores a crescente complexidade dos programas de ensino.
A educação de hoje exige uma cuidada e profunda orientação, tanto pessoal como profissional, para que os alunos sejam capazes de resolver os problemas que a vida lhes apresenta e tenham melhores probabilidades de os poder solucionar também no futuro.
Consciente que o progresso técnico exige uma cada vez maior dedicação ao ensino, os agentes educativos devem refletir que a vida do homem não se esgota na inteligência e na profissão e, portanto, às tarefas docentes e de orientação que não visam essencialmente uma formação técnica, mas antes a obtenção da capacidade humana de apreciar e analisar as situações e circunstancias, com vista à escolha do melhor modo de agir e decidir em cada ocasião. Daí a preocupação da escola com o mundo das emoções, das tendências, do carater, da afetividade. Deste modo deverá ser constante preocupação, conjugar a ação familiar e escolar, harmonizando-as de forma a que se adquira um critério estável entre as principais fontes da educação – a família, a escola e a sociedade.
Todos devemos trabalhar para este objetivo.
* Ex-presidente da SEMA – Associação Empresarial.
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