Os sinais de uma nova grande crise económica mundial, cerca de uma década depois da anterior, estão a acumular-se.
A yield (juro) americana, que se tornou negativa em agosto, costuma ser um prenúncio de uma crise; assim tem sido desde a Segunda Guerra Mundial. Os mercados de divisas têm-se apresentado relativamente instáveis; o yuan chinês foi desvalorizado, como medida de retaliação no âmbito da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, e a libra esterlina tem vindo a sofrer uma perda progressiva de valor, face à incerteza causada pelo Brexit.
A contração da economia alemã, a subida dos preços do ouro e da prata e o facto de outras obrigações de dívida pública (de outros países) também se apresentarem negativas são outros tantos fatores que apontam para uma possível recessão internacional num horizonte próximo.
A exposição de Portugal
Sendo Portugal, no momento atual, um forte exportador de serviços, nomeadamente através do turismo, a exposição da nossa economia a um abrandamento internacional é por demais evidente. O turismo é normalmente um dos primeiros setores a sentir os efeitos de um abrandamento económico.
Ainda que Portugal, mais do que um “país da moda”, se esteja a solidificar como uma opção permanente no mercado internacional (e também no mercado de investimento imobiliário de segunda residência), a performance económica do país tem estado demasiado dependente deste setor.
Além de que outros países, como a Croácia, poderão estar a preparar-se para disputar os lugares da frente neste mercado, como Portugal tem feito junto da Tunísia, Turquia, Espanha ou Grécia.
O investimento nos jovens
O tipo de políticas a adotar varia consoante o quadrante político ou ideológico. Mas algumas podem ser consideradas como válidas por todos. O investimento nos jovens e nas crianças é uma medida essencial. Num país escasso em capital (financeiro, territorial), o capital humano é um recurso extremamente valioso.
É certo que as crises do futuro poderão levar os nossos jovens (empreendedores, dinâmicos, com mais conhecimentos teóricos ou mais experiência prática) a outros países, tal como no passado recente e remoto. Mas sem capital humano qualificado, capaz de acrescentar valor, nenhum país pode aspirar a um futuro. Nem em termos económicos, nem também em termos sociais, culturais ou civilizacionais. E a saída de Portugal passa pelo investimento nos seus jovens, uma vez que atrair pessoal qualificado é difícil num país onde o emprego qualificado é, ele mesmo, relativamente escasso.
Neste sentido, não é de mais salientar o exemplo dado por Inês Lourenço, Jéssica Valente e Maria João Marcelino, alunas do 12º ano da Escola Secundária Homem Cristo, que venceram no mês passado o “primeiro prémio do Concurso de Inovação em Ciência e Tecnologia para Adolescentes na China”, que decorreu em Macau. O projeto consistiu numa investigação, na área da biologia, tendente a resolver o problema da concentração de mercúrio na Ria de Aveiro, utilizando cascas de frutos secos, nomeadamente de amendoim.
Trata-se de uma ideia simples, fácil de replicar e com evidentes ganhos ambientais. Caberá à sociedade (das autoridades públicas às empresas) passar da teoria à prática, mas a criação de valor já lá está.
Acarinhemos e protejamos o valor dos nossos jovens, desde as mais tenras idades até ao ensino superior (que tem na Universidade de Aveiro um polo exemplar em termos de inovação e produção de conhecimento).
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