A cidade não vai de férias

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Canal Central, Aveiro.

Mais um verão e repete-se a cena: muita festa e pouco conteúdo ao nível do trabalho estratégico de gestão da Câmara de Aveiro.

Por Sara Tavares *

No verão há quem não tenha férias, há quem trabalhe mais do que no resto do ano: o turismo ganha mais cor e número; os artistas têm as suas agendas completamente lotadas, multiplica-se a festa.

Silly season para alguns… serious season para outros. E é realmente sério o problema que temos durante esta altura do ano nas zonas mais procuradas da nossa cidade.

Aveiro de verão não é só festivais e festa, pelo menos assim não deveria ser. Há problemas sazonais a resolver como é o caso do trânsito extra, consequência do bem-vindo turismo.

A falta de visão, de estratégia saltam à vista, basta passar nas pontes e constatar o caos que se lá experiencia.

O turismo é indubitavelmente um motor económico fulcral para a nossa cidade, não obstante há que se salvaguardar o bem estar tanto das pessoas que cá vivem como também daquelas que nos visitam.

Ora o executivo camarário deveria contabilizar este tipo de situações que são lógicas, a sua previsão faz parte do seu trabalho, bem como planear mecanismos para que fossem accionados em situações mais problemáticas. Parece não o fazer e é lamentável.

Aveiro é uma das cidades mais bonitas do país, a mais bonita para mim, imodestamente, no entanto não considero que a imagem que poderá ficar para os turistas seja a de uma cidade com umas pontes povoadas de carros e dióxido de carbono; com os caixotes do lixo muitas vezes a abarrotar e convenhamos que no verão, com o calor, não é nada agradável passar perto de um deles; obras infindáveis em ruas nevrálgicas, que transtornam a vida de todos, até dos que passeiam.

Mais um verão e repete-se a cena: muita festa e pouco conteúdo ao nível do trabalho estratégico de gestão da Câmara. E com isto não quero dizer que não seja importante a festa. Considero o festival dos canais e outros eventos culturais planeados e efetivados, oportunidades de mostrar que Aveiro poderá atingir o patamar de Capital Europeia da Cultura.

É, sem dúvida, uma oportunidade de focar os holofotes da Cultura para a nossa cidade . Não se pode é ficar pelo amadorismo e virar costas a outros aspetos também eles da maior relevância para o crescimento de Aveiro.

É certo que no verão a vida flui com mais calma por causa das férias de muitos. É certo que no verão há mais despreocupação, apesar disso há que prever, gerir e executar estratégias e planos.

A cidade não vai de férias, e há que sublinhar tudo aquilo que lhe dá valor e distinção, os nossos ovos moles, por exemplo, estão entre os finalistas do concurso “7 Maravilhas Doces de Portugal”. No entanto, Aveiro não se limita a moliceiros e ovos moles, é muito mais do que isso.

Valorizemos o que temos, impulsionemos o potencial de crescimento que Aveiro tem. Estratégia bem alicerçada, precisa-se.

Sara Tavares.

* Professora, vogal do PS na Assembleia Municipal de Aveiro ([email protected]).

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