Recentemente a Câmara Municipal de Aveiro apresentou na Assembleia Municipal um “Acordo de Gestão da AveiroBus”, acordo este assinado pela câmara e pela Transdev.
Neste acordo, que foi amplamente divulgado na comunicação social e no próprio site da Câmara Municipal, do qual o PCP desconhece as suas contrapartidas, a Câmara Municipal vai além do já previsto no Programa de apoio à Redução Tarifária (PART) e do Programa de Apoio à Densificação e Reforço da Oferta de Transporte Público (PROTransP) , fornecidos pelo governo central, ao introduzir uma verba de 700 mil euros e suportar os aumentos dos tarifários de 2020 e 2021.
A 30 de Maio de 2006, o então administrador da MoveAveiro ( empresa municipal de transportes) Pedro Ferreira, anunciava que a Câmara Municipal de Aveiro injectava mensalmente 100 mil euros para manter viável a operação de transportes públicos, “pois nenhum privado tinha concretizado nenhuma proposta aliciante do ponto de vista económico”.
Nessa altura, o PCP e os sindicatos do sector rapidamente denunciaram que o que estava em curso era a privatização da MoveAveiro. A 1 de Janeiro de 2017 deu-se a sua privatização. Verificou-se no entanto que desde 2006 a Transdev já realizava carreiras de transporte público na área de actuação da MoveAveiro, carreiras essas que eram as mais rentáveis para a MoveAveiro.
Curioso que quando se deu o concurso público de concessão dos transportes em Aveiro, a empresa vencedora foi precisamente a mesma que já se encontrava a realizar carreiras, concorrendo com um preço por quilómetro de 0,80€ ,nessa altura o valor mais baixo mercado rondava os 0,70€, não seria de estranhar que ganhasse o concurso.
Actualmente, o preço do quilómetro aumentou 120%, o PART e o PROtransP comparticipam com cerca de 1 milhão de euros, do caderno de encargos da Câmara Municipal sai mais 1 milhão de euros anuais e agora vem injectar ainda mais 700 mil euros, o investimento total ronda os 3 milhões de euros anuais, valores pagos pelos utentes e contribuintes.
Enquanto isto, a TRANSDEV preza pelo atropelo aos direitos dos trabalhadores, não garante escalas de serviço dignas que permitam conciliar a vida profissional com a vida pessoal e familiar, nem tão pouco cumprem o que está estabelecido no Contracto Colectivo de Trabalho, a pressão psicológica sobre os seus trabalhadores é uma constante. Em contexto de pandemia esta empresa usufruiu do Lay-off, mas no entanto pagou salários com três meses de atraso.
O PCP exige a reversão da privatização dos transportes públicos de Aveiro.
É inconcebível que se continuem a financiar privados, que não oferecem serviços adequados à população, que em vez de aumentarem a oferta de carreiras reduzem-na.
Para o PCP a municipalização dos transportes públicos é uma uma necessidade urgente!
A Célula dos Motoristas – PCP