A produção de alimentos tem que se basear em culturas, animais, tecnologias de produção e práticas agrícolas que sejam capazes de contribuir para a descarbonização da economia, para uma gestão mais sustentável dos recursos naturais, mais eficientes fatores de produção, para promover a biodiversidade e as paisagens agrícolas.
Por Marisa Costa *
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O país precisa de pessoas preparadas, conhecedoras das matérias dos seus ministérios e com a humildade suficiente de se deslocar ao terreno ouvir quem sabe para tomar decisões ajustadas às reais necessidades do país e colocar em práticas políticas realistas.
Os últimos anos foram difíceis para os agricultores, foram muitas as exigências aliadas a uma comunicação insuficiente e desadequada. Com o pacto ecológico Europeu, a Comissão Europeia adotou um conjunto de propostas para adequar as políticas da UE no âmbito do clima, da energia, dos transportes e da fiscalidade com o objetivo de reduzir as emissões líquidas de gases com efeito de estufa em, pelo menos, 55 % até 2030.
Tornar a Europa no primeiro continente neutro em termos de clima até 2050 é o grande objetivo e a Comissão Europeia apresentou o Pacto Ecológico Europeu, que nada mais é do que um desafiante pacote de medidas que permitirá que os cidadãos e as empresas europeias beneficiem de uma transição ecológica sustentável.
Se por um lado obter a neutralidade carbónica em tão pouco tempo é um objetivo ambicioso por outro não há progresso e desenvolvimento sem racionalidade económica das explorações. A sustentabilidade é tridimensional: ambiental, económica e social.
A produção de alimentos tem que se basear em culturas, animais, tecnologias de produção e práticas agrícolas que sejam capazes de contribuir para a descarbonização da economia, para uma gestão mais sustentável dos recursos naturais, mais eficientes fatores de produção, para promover a biodiversidade e as paisagens agrícolas. A questão ambiental é apenas um dos muitos desafios da agricultura. 52% dos empresários do setor agrícola tem mais de 65 anos e nos próximos 25 anos teremos os mesmos solos para alimentar mais 20% da população. Aliados a estes fatores a falta de mão de obra qualificada é cada vez mais um desafio.
Não sabemos o que o futuro nos reserva, mas sabemos que no futuro teremos que ter um ministério da agricultura com maior peso político, comprometido com o desenvolvimento e crescimento do país e com uma estratégia claramente definida. A agricultura precisa de sinais claros de compromisso e envolvimento político, está na hora da pasta das florestas voltar a integrar o ministério da agricultura e de se rever a extinção das direções regionais. É fundamental reaproximar os agricultores do poder político, é imperativo envolvê-los no processo de mudança.
A agricultura é feita pelo agricultor, mas só com as políticas realistas, ajustadas às reais necessidades dos agricultores e alinhadas numa visão estratégica a longo prazo é que teremos um setor mais competitivo.
Se é verdade que os agricultores são fortes, determinados, resistentes e resilientes também é verdade que sem uma comissão europeia que os ajude e um ministério da agricultura conhecedor dos desafios dos portugueses continuamos à deriva e a perder competitividade.
O agricultor é um verdadeiro artista: pinta a paisagem, cultiva os campos, alimenta a população, contribui positivamente para o ambiente e promove a biodiversidade. Estamos expectantes com o que aí vem pois só o futuro dirá se quem nos governa tem a mestria, sensibilidade e conhecimento para potenciar a sua arte.
* Vice-presidente da Associação de Produtores de Leite de Portugal (ADROLEP). Artigo publicado originalmente no site Voz do Campo.
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