
Como Presidente da AECA, gostaria de partilhar com os nossos associados e leitores da revista Encontros uma reflexão sobre este início de ano. 2025 chega com incertezas que exigem, mais do que nunca, resiliência, criatividade e união da nossa comunidade empresarial.
Por Carlos Brandão *
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A conjuntura internacional apresenta desafios sérios. A recente mudança política nos Estados Unidos traz consigo repercussões significativas para a economia global. As novas dinâmicas de relações comerciais, marcadas pelo crescente protecionismo e pelo levantamento de “muros” tarifários entre blocos económicos, criam um cenário de instabilidade. A imposição de elevadas tarifas sobre mercadorias é acompanhada de retaliações, aprofundando as tensões e contribuindo para o arrefecimento do crescimento económico mundial.
Na Europa, sentimos os efeitos deste abrandamento de forma ainda mais aguda. A diversidade dos Estados-membros, embora uma riqueza cultural, continua a ser um entrave à unidade em momentos de crise. A dificuldade em alcançar consensos leva a respostas tardias, e as soluções que demoram a chegar podem agravar as consequências económicas e sociais. Esta lentidão é especialmente preocupante num momento em que as projeções apontam para um crescimento anémico, com a competitividade europeia a ser posta à prova face a outras regiões do globo.
Portugal, enquanto pequena economia aberta, está particularmente exposto a estas vicissitudes. O peso do comércio internacional na nossa economia torna-nos vulneráveis a estas transformações globais, e o impacto na indústria e no setor exportador pode ser significativo. Contudo, temos fatores que nos dão uma vantagem relativa e que, bem aproveitados, podem mitigar as dificuldades.
O turismo continua a ser uma alavanca crucial para o nosso crescimento. Portugal é um destino atrativo não só pela sua beleza natural e património, mas também pela segurança que oferece. Num mundo em que a instabilidade é cada vez mais comum, o nosso país distingue-se como um porto seguro para turistas e investidores. Este capital deve ser cuidadosamente gerido, com políticas que promovam a qualidade da experiência turística e que incentivem o investimento sustentável no sector.
Para além disso, o futuro da economia portuguesa depende da nossa capacidade de reformar e modernizar as instituições públicas. A burocracia continua a ser um dos maiores entraves ao empreendedorismo e ao crescimento empresarial.
Reduzir a carga administrativa, simplificar processos e tornar o Estado mais eficiente são passos fundamentais. Adicionalmente, a redução da carga fiscal, tanto para as empresas quanto para os particulares, é essencial para aumentar a competitividade e estimular o consumo e o investimento.
Os empresários têm mostrado, ao longo dos anos, uma capacidade extraordinária de adaptação e superação. Somos uma região que valoriza o trabalho, a inovação e o compromisso com a qualidade. Essa força será determinante para enfrentarmos os desafios que se avizinham. A confiança no nosso potencial e a determinação em buscar soluções serão os pilares da nossa resposta.
Não podemos esquecer que já atravessámos crises profundas no passado. A crise financeira de 2008, a austeridade que se seguiu e, mais recentemente, os efeitos devastadores da pandemia de COVID-19 são provas de que somos capazes de superar adversidades. Cada uma dessas experiências trouxe lições valiosas, e o momento atual é mais uma oportunidade para colocá-las em prática.
Em 2025, é vital reforçarmos os laços entre empresas, associações e comunidades locais. A colaboração será um diferencial para enfrentar os tempos de incerteza. Na AECA, estamos comprometidos em apoiar os nossos associados com iniciativas que promovam o crescimento, a formação e a internacionalização.
Convido todos os empresários a encarar este ano com otimismo pragmático. Haverá desafios, mas também haverá oportunidades. Juntos, com coragem e espírito de inovação, ultrapassaremos mais esta etapa e contribuiremos para o desenvolvimento da nossa região e do nosso país.
* Presidente da Direção da Associação Empresarial Arouca e Cambra (AECA).
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