Portugueses nas Equipas das Ligas Profissionais

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Futebol,

Os últimos anos, o futebol português tem mostrado a sua força, com conquistas como o Euro 2016 e a Liga das Nações 2019. Esse sucesso reflete a qualidade da formação nacional, tornando relevante a discussão sobre a obrigatoriedade de um número mínimo de jogadores portugueses nos plantéis das principais ligas.

Por Diogo Fernandes Sousa *

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Atualmente, não há uma exigência específica de jogadores portugueses, mas as regras da Liga Portugal determinam que cada equipa tenha 8 jogadores formados localmente, e a UEFA impõe um mínimo de 4 jogadores formados no clube e 8 formados em clubes nacionais para as competições europeias. Além disso, há um limite de 5 jogadores extracomunitários na ficha de jogo. Estas regras incentivam a utilização de talento nacional, mas não garantem a sua presença em número significativo nos clubes.

Definir um mínimo de 12 jogadores portugueses por plantel reforçaria a aposta na formação sem comprometer a competitividade das equipas. Esse número permitiria espaço suficiente para a contratação de estrangeiros, enquanto asseguraria que os talentos nacionais tivessem oportunidades para evoluir no futebol profissional.

A preocupação de que esta medida prejudicaria a qualidade das equipas é infundada. A presença de jogadores como Diogo Costa, Rúben Dias e Bruno Fernandes demonstra que a formação portuguesa gera talentos de classe mundial. Quanto mais jogadores portugueses jogarem na Liga Portugal, maior será a base de recrutamento para a seleção nacional, garantindo um futuro mais competitivo.

Além disso, investir na formação é uma estratégia sustentável. Clubes que apostam nos seus próprios jogadores reduzem custos com transferências e criam um modelo financeiro mais equilibrado. Esta abordagem não deve ser vista apenas como uma forma de poupança, mas como um investimento na continuidade do futebol nacional.
Outro ponto a considerar é a promoção de uma identidade clubística mais próxima dos adeptos, fortalecendo a ligação entre equipa e público. Um plantel com mais jogadores portugueses cria um maior sentimento de pertença, contribuindo para o aumento do envolvimento dos adeptos.

Por fim, a medida também poderia beneficiar as seleções jovens. Se os clubes forem obrigados a apostar em jogadores portugueses, as camadas jovens teriam um incentivo ainda maior para evoluir, sabendo que há um caminho mais direto até à equipa principal. Isso criaria um ciclo positivo, onde a aposta na formação resultaria em gerações cada vez mais preparadas para competir ao mais alto nível, tanto nos clubes como na seleção.

O campeonato português beneficia da diversidade de talento internacional, mas isso não deve comprometer a identidade do futebol nacional. Garantir um número mínimo de jogadores portugueses por equipa é uma forma de preservar essa identidade, manter a competitividade da seleção e fortalecer a sustentabilidade dos clubes. A medida não limitaria a presença de estrangeiros, mas sim asseguraria que o futebol português continuasse a ser uma referência na formação e desenvolvimento de jogadores de topo.

* Escritor do Livro “Rumo da Nação: Reflexões sobre a Portugalidade”. Professor do Instituto Politécnico Jean Piaget do Norte.

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