50 Anos do 25 de Abril: O lado esquecido da Revolução

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"Revolução (Sem) Sangue"

Está prestes a estrear nos cinemas, o novo filme da Revolução de Abril. O filme de Rui Pedro Sousa, “Revolução (Sem) Sangue” estreia dia 11 de Abril nos cinemas. Porquê “Revolução (Sem) Sangue”? Então, mas a Revolução Portuguesa não foi branda e pacífica? O filme responde a essas questões, mas eu vou ser um bocado spoiler. Incutiram-nos desde sempre a ideia de que a nossa Revolução foi pacífica e extremamente branda. Disseram-nos que no 25 de Abril de 1974 não houve sangue derramado.

Por Nuno Alexandre *

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Isso não corresponde à realidade. Vamos recuar ao dia 25 de Abril de 1974. O Dia mais belo. O Dia de todos os sonhos. Na manhã de 25 de Abril, havia uma força de fuzileiros ligada ao MFA (Movimento das Forças Armadas) que tentou ocupar a sede da PIDE/DGS, na Rua António Maria Cardoso (Lisboa), mas sem eficácia. Por volta das 13h30, uma estrondosa manifestação de apoio ao Movimento e à Revolução ruma até à Rua António Maria Cardoso, e é então mais tarde que a PIDE abre fogo sobre os civis e acaba por matar 4 pessoas (Fernando Giesteira, José Barneto, Fernando Reis e José Arruda). Para além das quatro vítimas mortais, foram registados dezenas de feridos. A PIDE só se rendeu ao MFA às 9h30 do dia 26 de Abril. O Fascismo Matou! É sabido que ao longo da sua existência, a PIDE cometeu várias atrocidades, eu até digo mesmo que cometeu Crimes contra a Humanidade. Perseguiram, prenderam, torturaram e mataram. O General Humberto Delgado e a sua secretária Arajaryr Campos (Operação Outono), o jovem estudante Ribeiro dos Santos, o pintor e escultor Dias Coelho, o operário metalúrgico Alfredo Diniz foram algumas das pessoas mortas às mãos dos criminosos da polícia política do Estado Novo (PIDE).

Cinquenta anos depois, as mulheres, os homens, os militares, mas sobretudo aquelas quatro pessoas que perderam a vida naquele belo dia de Abril vão ser agora homenageadas e perpetuadas no filme de Rui Pedro Sousa. Os quatro homens de Abril de 74, lamentavelmente esquecidos sempre que se falou e se fala na Revolução, vão ver agora os seus nomes homenageados e perpetuados na história do 25 de Abril através do cinema.

Quem for ver o filme, poderá ver ao vivo e a cores como era viver no Portugal oprimido pela ditadura fascista e o terror que era estar dentro das quatro paredes da PIDE e naqueles corredores sombrios e tenebrosos. Poderão ver o terror da humilhação, da violência, da tortura física e psicológica e da perseguição.

O filme baseia-se na recolha de informações dadas pelos familiares das vítimas, por intervenientes do 25 de Abril, pelos Jornalistas Fábio Monteiro e Jacinto Godinho e pelos Historiadores Irene Pimentel, que foi crucial para percebermos como funcionava a PIDE, e pelo Historiador António Araújo que ajudou bastante na construção do 25 de Abril no filme e dos momentos mais marcantes e históricos do dia mais bonito de Portugal.

O filme conta com um elenco bastante jovem, coeso e super talentoso. Lucas Dutra, São José Correia, Diogo Fernandes, Helena Caldeiras, Rui Neto, Patrícia André e Luís Ganito são alguns dos atores que integram o elenco do filme.

Enquanto estudante de História, ativista político e apaixonado pelas correntes culturais contemporâneas e pelas artes, quero agradecer ao Rui Pedro Sousa e a toda a equipa por terem recordado e terem prestado tributo às Mulheres, aos Homens e Militares resistentes antifascistas que fizeram a Revolução que nos deu a Liberdade e a Democracia, valores tão fundamentais que nos tempos que correm e sobretudo com o crescimento da extrema-direita estão seriamente em perigo e fragilizados um pouco por toda a Europa e no Mundo. Cabe-nos a nós herdeiros da Revolução de Abril defender e proteger a Democracia e o muito alcançado nos últimos 50 anos. O 25 de Abril foi a melhor promessa que Portugal fez ao seu futuro! Ele ainda não está acabado e não está só no passado e nos livros de história. O 25 de Abril é Presente e Futuro. Em cada medida progressista e em cada luta e meta alcançada estamos a cumprir e a concretizar o 25 de Abril.

Obrigado Rui por nos dares a conhecer a história daqueles quatro Homens de Abril que o tempo e alguns tentaram fazer esquecer. Às pessoas apelo que esgotem as salas de cinema em todo o país a partir do dia 11 de Abril, e apelo a que levem os mais jovens para lhes darem a conhecer a história da Revolução e das pessoas que libertaram Portugal do Fascismo e que permitiu que nascêssemos num país livre, democrático e sem tirania, opressão, perseguição e colonialismo.

Cara/o leitora/o vá ao cinema! Para além de estar a apoiar as artes e o cinema, ir ver o filme também é uma forma de agradecimento e de prestar homenagem às e aos resistentes antifascistas. Que os nossos Herois da Liberdade e a história completa da nossa Revolução nunca caiam em esquecimento.

Obrigado a todas e a todos os que transformaram o sonho em vida!
Obrigado Capitães de Abril!
Obrigado Fernando Giesteira, José Arruda, Fernando Reis e José Barneto!
Obrigado Rui!

* Estudante de História na FLUC, Aveiro.

“Revolução (Sem) Sangue”- estreia dia 11 de Abril nos cinemas

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