Meio século após a ‘queda’ do Estado Novo, o presidente da Câmara de Aveiro não vê motivos para recear posições mais extremistas que se foram afirmando no sistema político-partidário português nos últimos anos, alcançando representações parlamentares.
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“Todos somos muito importantes para a vida da democracia e exercício da liberdade”, afirmou Ribau Esteves ao intervir na sessão solene dos 50 anos do 25 de Abril, esta quinta-feira à tarde, mostrando-se convicto que “não há nem Chega, nem Bloco de Esquerda que nos diga chega ou que nos bloqueie o cultivo da democracia pelo futuro que vai chegar”.
O crescimento exponencial nas últimas legislativas de um terceiro partido conotado com a extrema-direita não motiva receios ao edil aveirense, da mesma forma como não vê o Bloco de Esquerda a alterar o regime em que o país vive.
“Aplaudimos o Chega, porque aqui chegados são livres como todos, mas nunca serão capazes levar a democracia a ser uma ditadura fascista. Ou dar viva ao Bloco, porque aqui bloqueados nunca nos bloquearão de sermos membros da União Europeia, da NATO, de ter acesso pleno à liberdade, mesmo que alguns achem que se os levarmos muito sério poderão levar para uma ditadura comunista. Não é possível, porque esta democracia de 50 anos é madura, forte. Os mais velhos que viveram a diferença e os mais novos, que não tendo vivido, a conhecem bem pelo testemunhos, livros e documentários, explicam que este é o melhor dos regimes que conhecemos”, afirmou.
Para Ribau Esteves, “o que interessa é aplaudir toda gente que diz presente na democracia”, deixando uma “referência” especial aos autarcas, que foram “um instrumento da maior importância neste Portugal melhor, europeu, de um país que tem de alimentar a democracia como relação próxima entre os que elegem e os eleitos, considerando que “têm sido um exemplo”. Além disso, “será sempre em democracia que vamos encontrar o espaço para crescer e cultivar a paz”, fazendo com que seja “plena”, sublinhou, lembrando que “não são os regimes democráticos que causam guerras” que o mundo enfrenta.
Discurso direto
“Mais do que comemorar esta data de forma retrospetiva, deixando a tarefa para os historiadores, importa olhar para o presente e tentar perspetivar o futuro. Assistimos hoje a uma desestruturação das instituições sócio políticas: os sindicatos são muitas vezes ultrapassados pelos movimentos inorgânicos de reivindicações; a comunicação social quase abafada pela avassaladora onda das múltiplas plataformas de redes sociais na internet, os Partidos fundamentais, assentes em referenciais ideológicos com alguma solidez e em quadros dirigentes geralmente reconhecidos na sociedade , ameaçados por novos movimentos que procuram votos a todo o custo e cujos nomes parecem emergir do nada, por vezes com motivações meramente individuais e ao serviço de interesses pouco claros” – Luís Souto, presidente da Assembleia Municipal (versão completa).
“Temos de reconhecer que atualmente convivemos com circunstâncias que comprometem a saúde da nossa democracia, temos de tratar as suas feridas e fugir dos extremismos que a ameaçam, direcionar os recursos para o que interessa ao país, sendo que a educação e a saúde deve ser investimento em frutos que se colhem amanhã, uma justiça mais célere e confiável, um país com sistema burocrático que desincentiva o investimento e atrasa a eficiência do Estado, um país seguro que precisa de acarinhar as forças de segurança e confiar mais na classe política” – Manuel Prior, PSD (versão completa).
“O Partido Socialista orgulha-se de todo o contributo que tem dado ao longo dos 50 Anos do 25 de Abril, na defesa da Liberdade e consolidação da Democracia. E assim irá continuar. Todos sabemos que nem tudo corre como gostaríamos, que a Economia não se desenvolve como pretendemos, que o Serviço Nacional de Saúde criado por um grande socialista – António Arnaut – está em crise , que há falta de habitação social, e ainda existem focos de pobreza. Contudo, todas estas dificuldades se podem resolver com determinação, mas sem por em causa o Sistema Democrático nem a Liberdade” – Ana Seiça Neves, PS (versão completa).
“Não há verdadeira liberdade ou democracia quando a desigualdade e a exploração afetam ainda tanta gente no nosso país, privando-a de direitos básicos conquistados pela revolução de Abril. A perda de poder de compra, o desemprego e a precariedade no trabalho são ataques aos direitos de quem trabalha e são obstáculos materiais à liberdade. A cada posto de trabalho permanente deve corresponder um vínculo de trabalho efetivo. Um salário deve corresponder uma vida digna.A degradação e privatização dos Serviços Públicos diminuem o campo da liberdade individual e coletiva ao colocar direitos e garantias à mercê das vontades do mercado” – João Moniz, BE (versão completa).
“Ao celebrarmos o cinquentenário do 25 de abril, também devemos olhar para o futuro com uma nota de esperança e de vigilância, cientes dos desafios inquietantes que ainda enfrentamos. Deixemos o saudosismo de lado, é preciso continuar a construir a Liberdade! Ao celebrarmos o cinquentenário do 25 de abril, devemos entender que as questões que ameaçam o bem-estar individual, também minam os alicerces da nossa democracia. Um país onde os cidadãos lutam diariamente para satisfazer as suas necessidades básicas é um país que corre o risco de ver a sua liberdade comprometida” – Joana Teixeira, CDS (versão completa).
“Continuaremos a empenhar-nos na defesa do espírito de abril, indo para além da justa defesa das pessoas, da habitação, do ambiente e de um clima estável, seguindo na salvaguarda do vínculo com os restantes animais. Uma responsabilidade que faz eco da mudança de paradigma necessária: reconhecendo o direito dos animais a uma existência digna e em liberdade, atentos aos laços que unem o ser humano aos animais, tantas vezes a companhia das pessoas mais sós ou vulneráveis. Urge o reconhecimento de famílias multiespécie” – Pedro Rodrigues, PAN (versão completa).
“Existem uma série de problemas sistêmicos, de âmbito nacional e autárquico, que precisam ser abordados urgentemente. A nível autárquico é de salientar o facto de as autarquias locais terem visto um grande incremento das suas competências, mas estarem fortemente endividadas e muitas não conseguirem cumprir com eficácia as suas atribuições. Para além disso a descentralização de competências que se viram obrigadas a aceitar oneraram em muito os orçamentos municipais e transformaram as Câmaras em tarefeiras do poder central” – Gabriel Bernardo, Chega (versão completa).
“No trajeto das cinco décadas que nos separam do período revolucionário, os inimigos de Abril ligados aos grandes interesses económicos e os que ao contrário do que proclamavam nunca assumiram efetivamente o seu projeto libertador e emancipador, construíram e montaram em função da conjuntura as mais insidiosas operações para cobrir os seus objetivos de mutilação e subversão das suas conquistas. Não se tratou apenas das cíclicas operações que visavam branquear a natureza terrorista da ditadura fascista e encobrir a sua própria ação conspiradora e contra-revolucionária” – Nuno Teixeira, PCP (versão completa).
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