A região Centro de Portugal tem pela frente, neste ano de 2023, novos e importantes desafios para os intervenientes no negócio turístico. Estou certo de que os empresários deste setor saberão superá-los da melhor forma, com a resiliência e criatividade que lhes é característica.
Por Pedro Machado *
Este ano começa com nuvens negras e ameaças, à semelhança do que aconteceu nos três anos que o antecederam. Se 2020 e 2021 foram exercícios marcados pelas questões ligadas à saúde, com uma pandemia a nível global para a qual o mundo não estava preparado, 2022 arrancou com a ameaça da segurança, motivada pelo regresso da guerra na Europa. Em 2023 estamos perante uma inflação implacável, que não conhecíamos há décadas, e o consequente aumento das taxas de juro.
Esta situação tem reflexos diretos na atividade turística e, embora o Centro de Portugal seja menos dependente dos mercados externos do que outros destinos, não deixa de sentir o retraimento de alguns fluxos. Em Espanha ou Alemanha, por exemplo, são visíveis preocupações acrescidas que condicionam quem pretende viajar em 2023.
No entanto, os números animadores da atividade no ano de 2022, permitem-nos ser moderadamente otimistas. No ano passado, consolidou-se o crescimento do mercado nacional na região. A variação de 2021 para 2022 foi francamente positiva, com a procura a subir e com as receitas a superarem os indicadores de 2019, o nosso ano de referência. É particularmente relevante que este crescimento tenha sido transversal a todas as sub-regiões do Centro de Portugal.
Embora 2022 tenha sido o melhor ano de sempre para a região a nível de receitas, convém não esquecer que as margens de negócio das empresas estão muito reduzidas. Os custos de operação dispararam com a inflação, que se fez sentir de sobremaneira nos preços da energia e dos produtos alimentares. Na hotelaria e na restauração, os preços aumentaram a uma escala muito inferior, o que demonstra que a maioria das empresas absorveu grande parte do aumento dos custos, para não penalizar os seus clientes.
É imperioso, por isso, que as empresas do setor possam contar com apoios efetivos por parte das entidades competentes – apoios que sejam capazes de reforçar a tesouraria. Os empresários aguardam, com grande expetativa, a utilização que será feita dos fundos comunitários que estão disponíveis, nomeadamente o PRR, assim como aguardam que o novo programa operacional lhes traga novos instrumentos financeiros que apoiem de forma concreta a atividade turística. Se tal acontecer, o setor turístico no Centro de Portugal tem condições para resistir e prosperar em 2023.
Em 2023, almejamos um crescimento substancial dos fluxos dos mercados externos. Da parte da Turismo Centro de Portugal, tem havido uma preocupação acrescida em diversificar a oferta turística da região, procurando atrair novos mercados.
O Centro de Portugal assume-se hoje como um destino que oferece produtos diferenciados, como são os casos do ecoturismo e da natureza, do enoturismo, do turismo religioso, do património, da arte urbana ou do turismo industrial. Com o esforço conjunto das instituições e das empresas, tem sido possível diversificar mais ainda a nossa oferta – nunca esquecendo que a atividade turística tem hoje de ser sustentável, em todas as suas vertentes, garantindo uma coexistência salutar com o meio ambiente e proporcionando a melhoria da qualidade de vida das populações.
Conhecendo, como conheço, os empresários de turismo da região, tenho a certeza de que os tempos que aí vêm serão promissores e que em 2023 haverá motivos de sobra de satisfação para quem investe no Centro de Portugal.
* Presidente da Turismo Centro de Poretugal. Este artigo foi publicado originalmente na edição 343 da Ambitur.