Estamos em 2022, o Parque Mayer celebra o seu centenário.
Por Nuno Alexandre *
O Parque Mayer fica junto à Avenida da Liberdade, em Lisboa. Foi o palco central do Teatro de Revista, o género de teatro conhecido por ser “a voz do povo”. Era o Parque que tornava as noites de Lisboa mais luminosas e felizes. Era o Parque da diversão, das barraquinhas das farturas e de tiro ao alvo. Era o Parque que tinha vários Restaurantes e até tinha carrosséis. Era o Parque dos 4 Teatros. Os Teatros são o Teatro Maria Vitória; o Variedades; o Capitólio e o ABC, que sofreu um grande incêndio em 1990 e que em 2015, por ordens da Câmara Municipal de Lisboa, foi demolido para dar lugar a um Parque de estacionamento da EMEL.
Pelo Parque Mayer passaram muitos dos nossos artistas da constelação artística. Subiram aos palcos do Parque Mayer vários atrizes e atores como, Simone de Oliveira, Varela Silva, Rita Ribeiro, Laura Alves, Beatriz Costa, Carlos Cunha, Carlos Coelho, Helena Tavares, Helena Coelho, Vasco Santana, Camilo de Oliveira, Ivone Silva, Eunice Muñoz, Raul Solnado, Vasco Morgado, Luís Aleluia, Marina Mota, Maria João Abreu, José Raposo, Nicolau Breyner, Noémia Costa, Natalina José, Fernando Mendes, Florbela Queiroz, Manuela Maria, Lia Gama e tantos grandes artistas. Pelo Parque Mayer, passaram e fizeram-se ouvir as vozes dos grandes poetas e dos grandes cantores e maestros.
Para além de ter sido um espaço da alegria, da gargalhada e da cultura, o Parque Mayer foi também o Parque da Resistência. Através da arte, da música, dos poemas e, principalmente, do Teatro de Revista, muitos artistas lutaram contra a Ditadura Fascista do Estado Novo. Através da arte, os artistas denunciavam as más condições de vida e denunciavam o horror que era viver debaixo do cinzentismo da ditadura salazarista. Foram muitas as vezes, que os grandes e corajosos e corajosas artistas desafiaram a censura e lutaram contra o regime que caiu com a Revolução do 25 de Abril, em 1974.
As más decisões políticas da Câmara Municipal de Lisboa e a especulação imobiliária, fizeram com que o Parque Mayer ficasse degradado e esquecido. Acredito que o público, que aplaudiu tantas vezes de pé os artistas, que tantas vezes foi ao Parque Mayer assistir a uma peça de teatro ou cinema e que usufruiu de todo aquele espaço de diversão e de luz, não esqueceu o Parque Mayer, assim como, os artistas, os atores, os poetas, os cantores, os fadistas, os maestros e os coristas, que pisaram as tábuas dos palcos do Parque Mayer, não o esqueceram.
As noites de Lisboa, nunca mais foram as mesmas quando o brilho intenso das luzes do Parque Mayer desapareceu. Atualmente, só o Teatro Maria Vitória é que continua a ter várias peças de teatro, graças ao empresário Hélder Frei Costa. Fala-se hoje na reabilitação do Parque Mayer. Esperemos que sim. Esperemos que o Parque Mayer renasça e volte a ser o grande Parque de diversão e grande espaço cultural que era antes.
A RTP este mês transmitiu uma produção de Filipe La Féria, uma Revista à Portuguesa intitulada “Uma Noite no Parque Mayer”, que conta com a participação de Marina Mota, Joaquim Monchique, Rita Ribeiro, José Raposo, Luís Aleluia, Anabela, Paula Sá, FF e muitos outros grandes artistas. A peça está disponível no site da RTP Palco. Vejam, vão gostar de certeza!
O Parque Mayer é um dos locais culturais mais importantes de Portugal! Não podemos deixá-lo morrer! É preciso estimar e preservar, aquele local que foi a segunda casa de muitos dos nossos artistas, muitos deles pais do teatro, da revista e da comédia, que ali pisaram as tábuas do palco e ouviram os aplausos do público pela primeira vez!
Naquele parque está espelhado 1 século de cultura.
Viva o Parque Mayer!
* Estudante, Aveiro.
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