Fogos florestais: “No ataque inicial contamos adotar decisões mais rápidas” – António Ribeiro, comandante sub regional de Emergência e Proteção Civil

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A prevenção e combate aos fogos florestais na Região de Aveiro conta, este ano, com apoio de um sistema de vídeo vigilância, que ainda será reforçado com novas câmaras . Mais de 400 operacionais vão estar em prontidão para responder a alertas de incêndio durante os meses habitualmente mais críticos. Segue a entrevista a António Ribeiro, comandante sub-regional de Emergência e Proteção Civil da Região de Aveiro sobre o dispositivo de combate a incêndios rurais de 2024 (com declarações em streaming).

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Pergunta – Está ativado o Dispositivo Especial de Combate aos Incêndios Ruais (DECIR) a cargo da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC). Como se prepara esta resposta tão complexa ?

Resposta – A preparação do verão é feita durante o inverno. Os incêndios rurais não preocupam apenas a Proteção Civil e as forças que contribuem para este dispositivo, é uma preocupação de todos, especialmente dos que são mais afetados diretamente. O trabalho de planeamento é feito fora da época ‘alta’. Tentamos levar em conta as aprendizagens, as lições que retiramos de uns anos para os outros, de melhoria constante no que for possível.

É um dispositivo dinâmico, com alterações a cada ano ?

É um dispositivo já muito consolidado, não há grandes mudanças de fundo. Há sim pequenas alterações para melhorar a parte do combate, de comando e controlo, da envolvência que os incêndios rurais têm. Preparamos o dispositivo nos patamares nacional, regional e sub-regional para conseguir a melhor coordenação, resposta e interajuda. A partir de maio, na fase Bravo, começámos a ter as forças em prontidão, de acordo com os meios que é possível operacionalizar. A fase Delta, que começa a 1 de julho, corresponde ao período mais crítico.

Quais são as tarefas mais comuns no dia-a-dia do comando durante o DECIR ?

A análise de risco, o pré-posicionamento de meios em dias mais críticos. Depois o ataque inicial, que é a primeira intervenção, ‘mais musculada’, para tentar resolver nos primeiros 90 minutos. Temos um ataque inicial que depois é ampliado. O rescaldo e a extinção é extremamente importante para evitar reacendimentos que por vezes são muitos fortes e podem dar origem a incêndios ainda mais fortes do que o original. Depois temos de nos preocupar com o restabelecimento da segurança das populações, a circulação rodoviária, etc.

Que prioridades estão traçadas na prevenção e na resposta a alertas de fogo florestal ?

Existem três vetores primordiais: um primeiro passa por prevenir comportamentos de risco, com sensibilização e a fiscalização a cargo das forças de segurança; o segundo vetor importante é detetar e avisar precocemente. A população está sempre alerta, mas temos vigilância, de meios móveis ou em postos de vigia, por exemplo. Este ano temos também vídeo vigilância. No fim, é necessário garantir o combate com rapidez e segurança.

A obrigação de limpeza florestal é cumprida, está tranquilo ?

Preocupa-nos a todos. É um trabalho que nunca fica concluído, que todos os terrenos estejam limpos, todos cumprirem com as suas obrigações. Mas isso não acontece. Nos últimos anos, desde 2017, com medidas do Conselho de Ministros, temos sentido uma maior consciencialização. Ainda não estamos num nível muito bom desse objetivo, mas é uma preocupação constante. É um trabalho difícil, até por falta de mão de obra e pelo custo associado a estas operações. De uma forma geral, passámos todos a ter consciência da necessidade de assegurar limpeza e as pessoas mostram-se preocupadas com essas obrigações.

Tem sido possível garantir melhores acessos, os caminhos rurais, para facilitar a entrada dos meios de combate terrestres e outros apoios, como os pontos de abastecimento de água ?

É sempre difícil, nunca se consegue ir a todo o lado. Acontece como nas limpezas, fazem-se melhoramentos, uns trabalhos num ano, outros mais adiante. É de acordo com as verbas disponíveis, normalmente a cargo dos municípios. O minifúndio também não ajuda o trabalho conjunto, em agrupamento de proprietários, que tornaria mais fácil estas respostas. Mas nas zonas mais críticas notamos algum investimento, apesar de tudo.

Com que melhoramentos conta neste DECIR 2024 ?

O conhecimento da rede primária das faixas de gestão de combustíveis, por exemplo. Depois, no ataque inicial contamos adotar decisões mais rápidas, com empenhamento de equipas especializadas e meios, incluindo aéreos. Isto para antecipar um empenhamento capaz de conseguir resolver os incêndios mais rapidamente. Também contamos com apoio de equipas de gestão florestal especializadas em comportamento de fogo.

O pré-posicionamento de meios é vital. Como se organiza essa prontidão ?

Estamos sempre a monitorizar. O pré-posicionamento de meios em zonas mais críticas, em dias de maior risco, permite mais rapidamente reforçar os teatros de operações. O ataque inicial fica a cargo de bombeiros mais próximos, com helicóptero e outros meios, como sapadores, que podem contribuir para uma atuação eficaz e mais rápida.

Meios e custos

  • A partir de 1 julho até 30 de setembro mais de quatro centenas de operacionais e 104 viaturas (31 Equipas de Intervenção Permanente, com 155 homens). 44 militares da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro com 11 veículos;
  • Universo de cerca de 1000 bombeiros nas corporações da Região de Aveiro;
  • Orçamento do DECIR na Região de Aveiro – 1,362 milhões de euros;

Os municípios de maior risco, por força de terem a maior mancha florestal. O trabalho de sensibilização, nomeadamente o perigo das queimadas, notando-se decréscimo de ocorrências destas. O dispositivo na Região de Aveiro. As dificuldades de recrutamento de bombeiros (assuntos desenvolvidos no vídeo abaixo).

Um meio aéreo em Águeda, com um helicóptero ligeiro (apoio de outras sub-regiões). A vídeo vigilância (Albergaria-A-Velha / Sever do Vouga, Águeda e Anadia), que pode antecipar o empenho de meios inicial e dar resposta mais eficaz no combate. A importância das máquinas de rasto (assuntos desenvolvidos no vídeo abaixo).

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As boas práticas para evitar incêndios florestais, os riscos de comportamentos negligentes e atividades na floresta que possa originar fogo. A importância da deteção precoce (assuntos desenvolvidos no vídeo abaixo).

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